A Porsche preparou a evolução da sua gama mais acessível de desportivos para 2025, ano em que os 718 Boxster e Cayman com motores a gasolina desaparecem (tanto mais que não cumprem a nova regulamentação para a cibersegurança), devendo surgir no seu lugar dois coupés eléctricos com as mesmas denominações. Mas, como muitas vezes acontece, nem mesmo as melhores estratégias resistem ao confronto com a realidade e a Porsche viu-se obrigada a atrasar os seus planos. Tudo por causa das baterias.
A marca alemã optou por não investir na produção de células para as suas baterias, dependendo a 100% de fornecedores. E depositou confiança nos suecos da Northvolt, que nunca tinham fabricado um único acumulador, mas que prometiam tornar-se líderes europeus. Porém, este fabricante de células foi exímio a reunir investidores e encomendas, que nunca conseguiu satisfazer na totalidade, o que o conduziu a uma situação de falência — depois de a BMW anular uma encomenda de 2000 milhões em células e o Grupo Volkswagen reduzir a sua posição accionista (detinham 21%). Situação esta que a Northvolt está a tentar ultrapassar, negociando com os credores.
Falhas na cibersegurança liquidam Porsche 718 Cayman e Boxster
Sem baterias para montar nos seus dois 718 eléctricos, a Porsche tem agora de encontrar outro fornecedor para a abastecer rapidamente com células com a maior densidade energética possível, para tentar limitar o incremento de peso dos desportivos. E isto pode ser mais complicado do que parece, dado que o construtor alemão anunciou estar a desenvolver um sistema de 800V para o Boxster e Cayman, similar ao que já usa no Taycan, para tornar mais rápidos os carregamentos à custa de energia fornecida a uma potência superior (270 kWh).
Cancelamento de encomendas de baterias levam Northvolt à falência
A Porsche chegou a prever 400 km de alcance entre recargas para os Boxster e Cayman eléctricos, uma autonomia “magra” que o construtor justificaria com a necessidade de conter o peso dos modelos (para favorecer um comportamento desportivo) e que procuraria compensar com uma maior rapidez no carregamento. Para termos uma ideia sobre o que podemos esperar dos futuros desportivos a bateria, basta recordar o protótipo Mission R revelado no salão automóvel alemão de 2021 e o GT4 e-Performance, imaginando-os sem asas e com alargamentos menos generosos.