Já em anteriores audições no Parlamento, o ministro da Economia tinha ouvido críticas do PS pelas viagens que tem feito. Esta tarde voltou a ouvir as mesmas críticas e respondeu: foram feitas pelos membros do seu Ministério 775 reuniões com empresas, 97 por mês, 23 por semana, “que é o que as nossas empresas merecem”. Acrescem mais 300 participações em conferências e encontros. São, concretiza Pedro Reis, 1000 momentos de contactos diretos. “É impossível trabalhar sem ir ao terreno, ir ao chão de fábrica, sem estar com as associações”. E acrescenta que seria um “mau serviço” “agrilhoar” os governantes.
E se antes havia críticas dos ministros da economia não irem de pasta da mão à procura de investimento. “Eu sou criticado por fazer isso”, atirou.
Pedro Reis salientou quatro investimentos estrangeiros anunciados, nomeadamente o da Lufthansa Technik que vai criar 700 empregos e terá um investimento de milhões. “Caberá à empresa consolidar esse valor ou torná-lo público. É um investimento material e importante pela cadeia de valor que arrasta”. Começa com efeitos práticos em 2025 com o início dos recrutamentos. Um acordo que a AICEP conduziu “ao longo de bastante tempo e tivemos a oportunidade de fazer a amarração do final”.
Lufthansa Technik instala fábrica em Santa Maria da Feira com 700 empregos
Outro investimento destacado é o da Repsol, de 15 milhões em Sines, que complementam milhões que a empresa já tinha feito em Portugal. “No momento em que Espanha tenta reter as suas empresas e captar outras, mostra que uma gigante espanhola está comprometida com PortugaL”.
Salientou ainda a plataforma logística da Leroy Merlin e a Continental em Famalicão. “São quatro exemplos interessantes, todos europeus” e isso fez Pedro Reis a considerar que tal requer reflexão. “Portugal é um porto de abrigo do investimento. Nós estamos bem colocados perante um quadro desafiante em termos de crescimento europeu”.
Nesse âmbito, Pedro Reis anunciou o reforço de dois programas do Compete 2030. Um referente à qualificação. Será lançado outro aviso de 30 milhões para alocar à qualificação da indústria transformadora com vista à internacionalização permitindo suportar os custos de formação e parte dos encargos salariais durante as horas de formação.
Por outro lado será reforçado o SIAC Internacionalização de 10 para 20 milhões, que visa apoiar a internacionalização das empresas através de campanhas coletivas de promoção nos mercados internacionais.
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Pagamentos das agendas mobilizadoras chegam esta semana
No Parlamento, o Ministério da Economia garante que os pagamentos em falta nas agendas mobilizadoras, denunciados pelo Jornal de Negócios, estão a ser feitos e devem ficar concluídos esta semana. Tendo ouvido ser acusado de mau pagador, por causa desses atrasos, Pedro Reis refere ter mudado a gestão do IAPMEI para uma gestão profissional e não partidarizada.
João Rui Ferreira, secretário de Estado da Economia, explicou que os pagamentos das agendas mobilizadoras são dos mais complexos, pois existem mil copromotores e os pagamentos são feitos a cada um deles. Depois de encerrado o concurso a 31 de julho, “a análise foi rápida”. Já tinha havido o pagamento a 752 copromotores no total de 82 milhões de euros e faltam pagar a 315 copromotores no valor de 42 milhões, que “serão creditados até amanhã”.
O secretário de Estado explicou que a operacionalização no âmbito do PRR das subvenções e dos empréstimos é distinta. A das subvenções é mais rápida. Mas sustenta que serão concluídos os pagamentos.
O PRR na área da Economia, que tem 6 mil milhões, tem uma taxa de execução de 35-40%. Esse é o montante que já chegou às empresas. O secretário de Estado atira à “situação que encontrámos” para as dificuldades, nomeadamente ao nível da plataforma, ao nível da falta de resposta das empresas, da burocratização. Resolvidos esses temas “os resultados aparecem”.
Confrontado, também, com o pacotão da economia, Pedro Reis indicou que estão executadas 12 medidas — “uma foi chumbada pelo Chega e PS, vai fazer-nos bastante falta para ser franco”. O objetivo, acrescenta, é chegar final do ano com 18/19 cumpridas, ou seja, 32% do programa. No primeiro quartil de 2025 pretende fazer cumprir mais entre 20 a 30 medidas. Ficando no primeiro semestre cumpridos 75%.