O candidato à direção da Casa do Douro Rui Paredes antecipa um desafio duro para criar as fundações da restaurada associação pública e destacou medidas fundamentais para a região como a promoção, aguardente ou vindima em verde.
“O que nós temos pela frente é um desafio muito duro, vamos partir do zero, é algo que está em ruínas e em que não há ainda nada, não há um financiamento, não há uma estrutura de apoio técnico”, afirmou quinta-feira à agência Lusa o candidato pela lista B às eleições de sábado.
Este é o primeiro ato eleitoral para a direção e conselho regional depois de o parlamento ter aprovado, em janeiro, a restauração da Casa do Douro como associação pública de inscrição obrigatória.
Foram submetidas duas listas candidatas à direção do organismo. A lista A – Devolver a Casa do Douro aos Pequenos e Médios Viticultores – é liderada por Manuela Alves e a lista B — Douro Unido – é encabeçada por Rui Paredes.
À direção da instituição, com sede no Peso da Régua, distrito de Vila Real, caberá criar as fundações da ‘nova’ Casa do Douro.
Criada em 1932 para defender os viticultores, a organização viu alterados os estatutos para associação privada de inscrição voluntária em 2014 e, 10 anos depois, volta a ter uma dimensão pública.
Rui Paredes disse que a Casa do Douro “tem que ser algo onde estejam todos, todos, todos”, lembrando as palavras do Papa Francisco na Jornada Mundial da Juventude em Lisboa, desde pequenos, médios a grandes produtores de vinho.
“O que nós queremos garantir é um aumento da sustentabilidade do viticultor. Queremos que o viticultor consiga fazer face às suas despesas e à sua vida e não entrar aqui num miserabilismo e numa perda de valor do que ganha, mas também da própria propriedade”, frisou.
E, para que isto aconteça, o candidato lembrou medidas que têm vindo a ser defendidas pela produção e aprovadas no conselho interprofissional do Instituto dos Vinhos do Douro e Porto (IVDP), como uma “forte promoção” dos vinhos, o fecho da região à importação de vinhos, a vindima em verde e a aguardente, que será votada em janeiro, e que poderá ser fundamental para o escoamento do excesso de ‘stocks’ na região.
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A proposta passa por destilar o vinho excedente da região e o aproveitamento dessa aguardente para introdução no vinho do Porto. “Os tais 20%, os excessos que temos do ano anterior”, especificou.
Com o regresso à esfera pública, a Casa do Douro vai recuperar competências, nomeadamente a gestão e certificação do registo cadastral de todas as parcelas de vinha do território.
No entanto, Rui Paredes antevê também dificuldades na questão do cadastro, atualmente na esfera do IVDP. “O IVDP não teve capacidade de fazer um cadastro condigno, o que só demonstra que deve mesmo reverter para a Casa do Douro”, salientou.
Rui Paredes já criticou a falta de divulgação das eleições marcadas para sábado, disse que “não houve o mínimo empenho” da comissão eleitoral neste ato e que há situações em candidaturas opositoras que não cumprem o regulamento eleitoral ou são eticamente questionáveis.
“Estão a fazer tudo para que a gente impugne as eleições, mas nós entendemos que não o devemos fazer. Estamos a ser atacados de todas as formas para que o ónus caia sobre nós”, afirmou.
Esta quinta-feira o candidato apelou a que os viticultores vão votar para “legitimar e dar mais força à Casa do Douro”.
“Se quiserem votar na lista B muito bem, agora o importante é que as pessoas vão votar”, apelou, considerando que pode estar a ser preparado um pedido de fiscalização sucessiva da lei que restaura a organização duriense.
Na sua opinião, “há muita gente que não está interessada em ter uma Casa do Douro forte”.
O candidato mostrou-se ainda contra a “politização das eleições” e frisou que não tem “faturas a pagar a ninguém”. “Não tenho atrás de mim nenhum partido político, nenhuma organização de outra índole”, frisou.