O ministro da Presidência afirmou, esta quarta-feira, que a relação do Governo com Marcelo Rebelo de Sousa “é feliz” e o executivo sabe disso, considerando que o Presidente da República apenas se referiu a uma cooperação estratégica que já existe.

No final da conferência de imprensa do Conselho de Ministros, António Leitão Amaro foi questionado sobre as palavras do chefe de Estado que, na cerimónia de cumprimentos do Governo, disse: “Solidariedade institucional é importante, mas não é suficiente. Tem de haver no presente cooperação estratégica”.

“O Presidente da República — depois de o primeiro-ministro ter dito que temos não apenas solidariedade institucional, mas temos cooperação estratégica — disse que sempre foi importante solidariedade institucional, e agora também, porque os tempos são mais difíceis. Existe e há, e é importante, a cooperação estratégica”, disse.

Para Leitão Amaro, o Presidente não exigiu “uma coisa que não existia, confirmou uma relação que existe”.

“Parafraseando, com um pequeno ajustamento, é uma relação feliz, e nós sabemos”, acrescentou.

Leitão Amaro parafraseava declarações de Marcelo Rebelo de Sousa no início do mês quando se referiu aos oito anos de coabitação com o anterior primeiro-ministro, António Costa, como um tempo que, “comparado com o que vinha por aí”, será recordado como de “felicidade relativa”.

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“Dizia muitas vezes a um governante com o qual partilhei quase oito anos e meio de experiência inesquecível: um dia reconhecerá que éramos felizes e não sabíamos. Era tudo relativo, era uma felicidade relativa, mas, comparado com o que vinha por aí, era uma felicidade”, afirmou então Marcelo Rebelo de Sousa.

“Um dia reconhecerá que éramos felizes e não sabíamos”: a frase que Marcelo admite ter dito muitas vezes a Costa

Esta quarta-feira, nos cumprimentos de boas festas, o Presidente da República afirmou que o Governo está em contrarrelógio desde que iniciou funções há oito meses, com o primeiro-ministro a procurar estar em todo o lado, numa conjuntura internacional difícil que exige cooperação estratégica.

Perante Luís Montenegro, o chefe de Estado salientou esta ideia de cooperação estratégica, começando por apontar que, com anteriores executivos [socialistas], também houve solidariedade institucional.

“Não basta a solidariedade institucional. A solidariedade institucional foi sempre boa entre o Presidente da República e os sucessivos governos — e continua a ser agora. Mas não é suficiente. É fundamental haver no presente a cooperação estratégica”, acentuou.

A seguir, o chefe de Estado justificou a razão deste seu apelo.

“Se há uma estratégia nacional, o poder executivo é quem gere, a Assembleia da República é quem define e o Presidente [da República] tem de intervir, quer na legislação do Governo, quer na legislação da Assembleia da República. Então, há que conjugar tudo muito bem, quer em domínios da política interna, quer na política externa e de defesa nacional. A cooperação estratégica é essencial, exige a estabilidade, segurança e previsibilidade. Ademais, num período, que é o próximo, de cerca de um ano, com duas eleições nacionais”, advertiu.