A China considerou a existência da prisão da Base Naval de Guantánamo como uma “ferida aberta” para Cuba e “prova irrefutável de mais de um século de ingerência ilegal” dos Estados Unidos na ilha.
O porta-voz do Ministério dos Negócios Estrangeiros chinês, Lin Jian, respondeu assim a perguntas sobre a recente libertação de dois prisioneiros malaios detidos nas instalações.
Lin classificou a ocupação norte-americana da Baía de Guantánamo, na ponta leste de Cuba, como uma “grave violação do direito internacional e da soberania cubana”.
Ele afirmou que “a detenção arbitrária e a tortura têm sido uma constante” na prisão, descrevendo-a como um “campo de concentração dos Estados Unidos” que não respeita as normas norte-americanas em matéria de direitos humanos.
“A comunidade internacional, incluindo as Nações Unidas, apelou repetidamente ao encerramento de Guantánamo e à justiça para os detidos, mas os EUA não cumpriram estas exigências nem as suas próprias promessas”, afirmou Lin.
O porta-voz também criticou a duplicidade de critérios de Washington ao manter Cuba na “Lista de Estados Patrocinadores do Terrorismo” enquanto perpetua estas práticas.
“A comunidade internacional vê claramente esta hipocrisia”, sublinhou.
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A China reafirmou o seu apoio à soberania de Cuba e condenou as “ações de intimidação” dos EUA, incluindo o embargo económico e financeiro.
O porta-voz do Ministério dos Negócios Estrangeiros instou Washington a “devolver o território de Guantánamo ao povo cubano, encerrar o centro de detenção e retirar Cuba da lista de patrocinadores do terrorismo”.
Os Estados Unidos anunciaram na quarta-feira o repatriamento para a Malásia de dois reclusos da prisão de Guantánamo que cooperaram com as autoridades norte-americanas, Mohammed Farik bin Amin e Mohammed Nazir bin Lep, elevando para 27 o número de detidos na prisão, 15 dos quais são elegíveis para transferência, segundo o Departamento da Defesa.
Os primeiros prisioneiros chegaram a Guantánamo no âmbito da “guerra contra o terrorismo” lançada pelo então presidente republicano George W. Bush (2001-2009) após os atentados de 11 de setembro de 2001, em que morreram cerca de 3.000 pessoas.
A base chegou a albergar cerca de 780 prisioneiros e os que restam estão agora divididos em dois campos: o primeiro para os presos considerados de “alto perfil”, como os acusados dos atentados de 11 de setembro de 2001, e o segundo para os presos de menor importância.
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