O secretário-geral do PCP classificou, esta sexta-feira, a ação policial no Martim Moniz, em Lisboa, como uma operação de marketing e propaganda, desproporcionada e com meios “para lá do razoável” cujos resultados foram zero.

“Estamos perante uma operação de marketing e propaganda, completamente desproporcionada e com meios para lá do razoável. Aquilo é para dar nas vistas, não tem outra consequência”, disse Paulo Raimundo à margem da inauguração da exposição “Camões, poeta do povo num mundo em mudança” na Associação dos Jornalistas e Homens de Letras do Porto.

Paulo Raimundo comentou depois: “Uma grande operação e depois zero, na prática, zero”.

Segundo o comunista, com um terço dos meios alocados àquela operação policial mais rapidamente se encontravam indícios de crime “neste ou naquele gabinete desta ou daquela grande empresa”.

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Apesar de considerar que a ministra da Administração Interna tem de dar explicações, o secretário-geral do PCP não acompanha a ideia de que a mudança da governante resolva tudo.

“Isto não é um problema da ministra A,B ou C, isto é um problema de conceção, é um problema de política e de opção”, frisou.

Paulo Raimundo disse discordar daqueles que acham que PSD e CDS-PP estão a ceder à agenda de outros.

“Isto é a agenda do PSD e do CDS-PP, não é a agenda de outros, é a agenda de conceções que estão a procurar impor no país e que o Governo e, nomeadamente os partidos de turno, estão a procurar impor”, sustentou.

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Na sua opinião, não é com a realização de operações destas que as pessoas se sentem mais seguras, mas sim com melhores salários, pensões e condições de vida, com médicos nos hospitais e com a possibilidade de pagarem a sua prestação da casa ao banco.

O secretário-geral comunista assumiu que há problemas de segurança em Portugal, tal como existem em todos os países, mas não ao ponto de colocar dezenas de agentes das forças policiais a fazer aquela operação.

E questionou: “Porque é que não colocam esses agentes, que precisam de mais meios, respeito e condições de trabalho, a fazer policiamento de proximidade e de rua?”

Uma operação policial na quinta-feira, no Martim Moniz, resultou na detenção de duas pessoas e na apreensão de quase 4.000 euros em dinheiro, bastões, documentos, uma arma branca, um telemóvel e uma centena de artigos contrafeitos.

O enorme aparato policial na zona, onde moram e trabalham muitos imigrantes, levou à circulação de imagens nas redes sociais em que se vislumbram, na Rua do Benformoso, dezenas de pessoas encostadas à parede, de mãos no ar, para serem revistadas pela polícia, e comentários sobre a necessidade daquele procedimento.