Foi o diretor da campanha de Trump em 2020 na Florida, recebeu o seu apoio para a vice-presidência do Partido Republicano na Florida em janeiro e, agora, o comissário do condado de Miami-Dade de 34 anos, Kevin Marino Cabrera, é anunciado como futuro embaixador dos Estados Unidos da América no Panamá. Um país que, mesmo sem estar ainda na Casa Branca, Donald Trump já indispôs ao declarar pretender retomar o controlo do Canal do Panamá, criticando os preços praticados. Os Estados Unidos são o principal cliente do Canal que liga o oceano Atlântico do Pacífico.

Kevin Marino Cabrera é, para o Presidente eleito, um “defensor feroz dos princípios da América primeiro”. “Poucos percebem da política da América Latina como Kevin. Ele vai fazer um trabalho FANTÁSTICO representando os interesses da nossa nação no Panamá”, escreveu Donald Trump nas redes sociais, aproveitando a mensagem para voltar a criticar o Panamá: “um país que está a enganar-nos muito além dos sonhos mais loucos”.

Já em janeiro, quando recomendou Cabrera, Trump tinha descrito o futuro embaixador como um destemido defensor do “America First” que demonstrou sua dedicação ao movimento MAGA (Make America Great Again).

Kevin Marino Cabrera respondeu, dizendo-se comprometido a apoiar a visão de Trump de América primeiro e prometeu trabalhar “incansavelmente todos os dias para defender sua abordagem arrojada à diplomacia internacional”, disse em comunicado, citado pelos jornais norte-americanos. Aliás, a “parceria” de Cabrera com Trump foi visível no patrocínio por parte de Cabrera de uma lei para ser criada a Avenida Presidente Donald J. Trump em Hialeah.

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Agora, será no Panamá que Cabrera, nascido em Miami com pais cubanos, se o seu nome receber luz verde do Senado, dará a cara pelos Estados Unidos e responderá a outro republicano da Florida, Marco Rubio, que será o chefe da diplomacia da nova Presidência. Trump não se cansa de criticar os preços do Canal do Panamá, uma rota essencial para o comércio norte-americano. O Canal passou, em definitivo, para o controlo do Panamá desde 1999, embora os tratados assinados permitam aos Estados Unidos de defender a passagem em caso de ameaçar à neutralidade. No entanto, segundo analistas citados pelo Politico, os tratados não darão autoridade aos Estados Unidos para retomarem o controlo do Canal.

Mas Trump tem falado em retomar o controlo do Canal, sugerindo que a China está a exercer uma influência crescente sobre o Canal. E voltou a fazer na mensagem de Natal, na qual falou não apenas no Panamá mas também desafiou o Canadá e a Gronelândia.

Trump ameaça retomar controlo do canal do Panamá

A estas ameaças, o Presidente panamiano, José Raúl Mulino, reiterou a soberania do país sobre o canal do Panamá. “Cada metro quadrado do Canal do Panamá e da área adjacente pertence ao Panamá e continuará a sê-lo”, uma vez que “a soberania e a independência” do país “não são negociáveis”, disse Mulino, no domingo.

Hoje passa pelo Canal do Panamá cerca de 3,5% do comércio mundial, ou cerca de 500 milhões de toneladas de carga por ano. Os Estados Unidos são o principal cliente do Canal.

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