Numa mensagem de Natal que publicou na Truth Social, rede social que criou e do qual é dono, Donald Trump, Presidente eleito dos EUA, dirigiu-se às 37 pessoas que estavam condenadas à pena de morte e cujas penas foram comutadas por Joe Biden, desejando-lhes que “vão para o Inferno”.
Trump defendeu que são criminosos violentos, “que mataram, violaram e saquearam como praticamente ninguém antes deles, mas que acabaram de receber, incrivelmente, um perdão do sonolento Joe Biden”, alcunha que deu ao seu concorrente na corrida à Casa Branca.
O republicano, que utilizou a mesma publicação para chamar os seus opositores políticos de “lunáticos da esquerda radical”, garantiu que “uma luz brilhante está agora a brilhar sobre os EUA” e recordou que faltam apenas pouco mais de 20 dias para tomar posse. A cerimónia está marcada para 20 de janeiro de 2025.
Ainda antes do Natal, na segunda-feira, o Presidente norte-americano cessante comutou as penas de 37 dos 40 indivíduos que estão no corredor [federal] da morte para prisão perpétua sem possibilidade de liberdade condicional. Segundo Biden, não se pode permitir que as execuções realizadas pela justiça federal sejam retomadas por Trump, um defensor declarado da expansão da pena capital. “Não posso ficar de braços cruzados e deixar que uma nova administração retome as execuções que eu interrompi”, assegurou.
Joe Biden comuta pena de morte de 37 dos 40 condenados à morte a nível federal
“Estas comutações de penas são consistentes com a moratória que a minha administração impôs às execuções federais, em casos que não sejam de terrorismo ou assassinatos em massa motivados pelo ódio”, explicou ainda o democrata num comunicado.
Tendo em conta o critério estabelecido por Biden, só três reclusos federais enfrentam ainda a pena de morte: Dylann Roof, que matou em 2015 nove membros de uma igreja de Charleston, na Carolina do Sul; o bombista da Maratona de Boston de 2013, Dzhokhar Tsarnaev; e Robert Bowers, que matou a tiro 11 fiéis da Sinagoga da Árvore da Vida de Pittsburgh em 2018, o ataque antissemita mais mortífero da história dos EUA.
Durante a sua primeira passagem pela Casa Branca, entre 2017 e 2021, Trump reiniciou as execuções federais após um hiato de 17 anos, acabando por presidir a mais execuções do que os 10 presidentes anteriores juntos, como recorda o The Guardian. Foi assim, aliás, que entrou na política, quando era apenas um empresário.
Em 1989, publicou um anúncio que ocupava uma página inteira de um jornal que apelava ao restabelecimento da pena de morte após a violação de uma praticante de jogging no Central Park, em Nova Iorque. Acabaram detidos cinco adolescentes negros e latinos, que foram acusados e acabaram por ser condenados pelo crime. Os cinco, que negaram o seu envolvimento, acabaram por ser exonerados e libertados da prisão depois de um outro homem ter confessado o crime e esta confissão ter sido confirmada por provas de ADN.
Noutra parte da sua publicação de Natal, Trump saudou de forma sarcástica as tropas chinesas que prestam serviço no Canal do Panamá, que o presidente eleito tem defendido publicamente que seja devolvido aos EUA.