A operação policial que ocorreu no bairro da Mouraria, em Lisboa, a 19 de dezembro começou a ser planeada em setembro deste ano, noticia esta quinta-feira o semanário Expresso. Foi naquela altura em que a Polícia de Segurança Pública (PSP) começou a preparar uma operação especial de prevenção, recolhendo dados sobre ataques com armas brancas em três áreas: o Largo do Martim Moniz, a Rua do Benformoso e Largo de São Domingos.

Uma sessão pública, que serviu para denunciar o aumento de insegurança que se vive na freguesia de Santa Maria Maior e pedir mais policiamento na zona, foi um dos gatilhos para a PSP agir. Naquele encontro a 18 de julho de 2024, o presidente da Junta, o socialista Miguel Coelho, disse que a situação se tornou “insustentável”. “Isto não é contra ninguém. Isto não é um problema de etnias, de religiões. É um problema de todos.”

Nessa mesma sessão, 30 a 40 vítimas de crimes deram o seu testemunho — muitos deles emocionados e indignados. Foram sobretudo estes depoimentos que fizeram a polícia agir. Fonte da Direção Nacional da PSP corroborou ao Expresso que esta operação policial “decorre de uma extensa análise de denúncias e participações, do relatado pelos ofendidos”.

O Departamento de Investigação e Ação Penal de Lisboa validou a operação policial, após a PSP ter entregado dados sobre a ocorrência de 52 crimes praticados com armas brancas em quase dois anos no Largo do Martim Moniz, na Rua do Benformoso e no Largo de São Domingos. Outra fonte policial assegurou ao semanário que a “operação se cingiu à comunidade imigrante e nada tem a ver com perseguição a minorias étnicas”.

Confrontada com as críticas que foi alvo, fonte da PSP refuta-as ao Expresso, assegurando que se tratava de um “local de risco” e recordando que já “houve operações mais bem musculadas, nomeadamente em que a PSP dava apoio ao SEF, tanto no Martim Moniz como na Quinta da Fonte, Musgueira ou vários bairros da Amadora”.

Outra fonte destaca que “não houve qualquer intromissão ou influência do Governo”, salientando que a decisão de levar a cabo a operação policial teve lugar antes de o primeiro-ministro, Luís Montenegro, ter lançado a campanha de prevenção e segurança “Portugal Sempre Seguro”, que ocorreu em novembro.

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