O candidato às presidenciais de 9 de outubro em Moçambique Venâncio Mondlane garante que não vai boicotar a tomada de posse de Daniel Chapo, marcada para meados de janeiro. Mas isso não significa que reconheça a vitória do adversário ou que os protestos vão terminar: está a analisar os fundamentos para a constituição de um “tribunal constitucional popular” que lhe permita a ele próprio tomar posse.

“Não precisamos de boicotar a tomada de posse de Chapo. Não precisamos de entrar em nenhuma espécie de inviabilização ou violência”, afirmou em entrevista à CNN Portugal. Mondlane explica que tem, com a sua equipa, e em debates com especialistas de outros países, incluindo de Portugal, analisado “quais podem ser os fundamentos da constituição de um tribunal constitucional popular”, que poderá ser a “base técnica jurisdicional para a tomada de posse”. “Eu vou tomar posse em Moçambique. É isso que vou fazer”, assegura.

O mistério dos “homens catana” : “O terror chegou aos bairros” de Moçambique, numa “agenda maquiavélica”

PUB • CONTINUE A LER A SEGUIR

Mondlane, que fugiu do país por se sentir ameaçado por contestar os resultados eleitorais, não quis adiantar detalhes sobre a nova fase de protestos que vai começar e que “antecipa o momento derradeiro do processo do calendário eleitoral”, que é a tomada de posse do Presidente da República e da Assembleia da República.

“Nesta fase derradeira, vamos ter um conjunto de medidas, de manifestações de repúdio, de protestos. Serão totalmente diferentes das quatro fases anteriores”, disse.

Mondlane voltou a lamentar os comentários do Presidente da República e do primeiro-ministro de Portugal, que pediram uma transição pacífica do poder, depois de concluído o processo eleitoral pelo Conselho Constitucional e designado Daniel Chapo como Presidente eleito de Moçambique. O candidato que desafia esses resultados diz que as afirmações foram feitas por “falta de informação realista e atualizada do que está a acontecer em Moçambique”.

Mondlane critica declarações de Marcelo e Montenegro sobre eleições em Moçambique

“Continuamos a alimentar a esperança de que Portugal seja a janela de entrada de Moçambique para o espaço europeu. Não podíamos deixar de perder essa confiança em Portugal”, afirmou ainda. Mondlane pede, porém, que o Governo português e a UE deem a Moçambique “a mesma primazia que se deu, por exemplo, à Venezuela e que se está a dar à Geórgia”.