A anterior gerência da Trust in News (TiN) defende que o plano de reestruturação veio “no momento certo e adequado”, alertando que a empresa dona da Visão, entre outros, “está a ser empurrada para liquidação”.
Esta posição surge depois de o presidente do Sindicato dos Jornalistas (SJ), Luís Simões, e os trabalhadores terem considerado que o plano tinha chegado tarde e em vésperas do plenário convocado pelo administrador de insolvência, que decorre na quinta-feira.
“Ao contrário do que publicamente foi afirmado, a anterior gerência da TiN considera que o plano apresentado no tribunal na sexta-feira, dia 27, não veio demasiado tarde nem demasiado cedo, mas no momento certo e adequado, cumprindo os prazos”, lê-se no comunicado da anterior gerência liderada por Luís Delgado.
“Infelizmente, interna e externamente está a ser criada a narrativa de que o plano já não interessa, nem os ordenados, para explicar a liquidação da empresa”, acrescenta, apontando que “é público quem reprovou o PER [[Processo Especial de Revitalização], atirando a empresa para um plano de insolvência, e agora a TiN está a ser empurrada para liquidação”.
Em 5 de novembro, o PER da Trust in News foi reprovado com os votos da Autoridade Tributária (AT) e Segurança Social. “As marcas têm muito valor, mas serão compradas ao desbarato e sem trabalhadores, como acontecerá com a liquidação”, considera a anterior gerência, cujo plano de reestruturação prevê a suspensão das revistas TVMais e Activa, entre outras, e a Exame continuará mensal em parceria com outro grupo editorial.
“Se a anterior gerência tivesse continuado em funções, com a supervisão do atual administrador de insolvência, o que faltava dos ordenados de outubro já estariam pagos, mais os de novembro, e já muitos de dezembro, e aos poucos, com medidas certas, mas penosas, a TiN não seria liquidada”, prossegue, no comunicado.
E remata: “Quem interna e externamente conduziu a empresa para o abismo, deveria assumir, por uma vez, a responsabilidade pelo que vai acontecer, pedindo desculpas aos trabalhadores, como sempre fez, repetida e publicamente, a anterior gerência”.
Em declarações à Lusa na segunda-feira, a delegada sindical da Visão, Clara Teixeira, afirmou que, “do ponto de vista dos trabalhadores, quaisquer medidas de reestruturação, estas deste plano ou outras quaisquer, fariam todo o sentido há um ano antes de a empresa perder a capacidade de pagar salários”.
A jornalista lembrou “13 meses de salários em atraso com PER pelo meio, que foi chumbado” e “uma injeção de capital com que o acionista se comprometeu, mas que não cumpriu, que permitiria pagar os salários em atraso e impostos ao Estado”. “Quando nada disso foi feito, o que é que nós podemos dizer sobre este plano”, lamentou.
Para os trabalhadores a expetativa “é que apareçam mais planos de recuperação, que apareçam propostas de compra e que seja possível salvar títulos e salvar postos de trabalho”, disse Clara Teixeira.
Por sua vez, Luís Simões afirmou, no mesmo dia, que “Luís Delgado teve todo o tempo para ter um plano”. Neste momento já “parece demasiado tarde”, disse, esperando que até à assembleia de credores “haja propostas, até de aquisição”, disse Luís Simões, referindo que podem ser para todas as revistas, a maioria ou apenas algumas.
“Agora será demasiado tarde [para o plano] porque inclusivamente no processo do PER não houve qualquer solução por parte da empresa que deixou ir para a insolvência”, salientou.
Fundada em 2017, a Trust in News é detentora de 16 órgãos de comunicação social, em papel e digital – Visão, Exame, Exame Informática, Courrier Internacional, Jornal de Letras, Visão História, Caras, Ativa, TV Mais, Visão Júnior, Telenovelas, Caras Decoração, Visão Saúde, Visão Biografia, Visão Surf, This is Portugal, e A Nossa Prima, e ainda um ‘website’ informativo Holofote -, está em insolvência e tem assembleia de credores marcada para 29 de janeiro.