O antigo dirigente maçónico José Manuel Anes, um dos responsáveis pelo Movimento de Apoio do Almirante à Presidência (MAAP), admite ter havido “precipitação” no anúncio da constituição do movimento,  revelado esta quinta-feira pelo Observador. Em declarações à Rádio Observador, já esta sexta-feira, Anes revelou que Henrique Gouveia e Melo ficou “aborrecido” com o anúncio, uma vez que “não gosta de ser pressionado”.

“Houve uma precipitação da nossa parte”, reconheceu José Manuel Anes, um dos rostos de um grupo de cidadãos que tem intenção de constituir, em meados de janeiro, uma associação de apoio ao ex-Chefe do Estado-Maior da Armada (CEMA). No programa Explicador, Anes admitiu que a constituição da associação não foi comunicada a Gouveia e Melo, embora os cidadãos por detrás do movimento já tenham tido “vários contactos” com o almirante. “Conhecemos o almirante e temos uma grande admiração por ele”, sublinhou, acrescentando que Gouveia e Melo sabe quem são as pessoas que irão constituir a associação.

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José Manuel Anes explicou que o MAAP é “apenas um núcleo para a futura organização da estrutura da campanha” e que a associação também será criada para “dar um sinal” aos apoiantes do almirante, que esperam pelo anúncio da candidatura a Belém. “Esta atitude foi para darmos um sinal às pessoas que o admiram e que vão votar, para terem calma, que isto já está a andar um pouco”, disse Anes, que acredita que começa a haver uma “angústia” por parte de alguns apoiantes pela demora no anúncio.

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Embora sublinhe não poder garantir uma futura candidatura à Presidência por parte de Gouveia e Melo, Anes sublinha que decisão do almirante “estará para breve”. Quando soube da intenção de constituir o movimento, o ex-CEMA “terá ficado um pouco aborrecido”. “Ele gosta de manter os ritmos e não gosta de ser pressionado para nada. De qualquer forma, ele já percebeu que isto é apenas um movimento das bases e que não há pressão nenhuma”, garantiu Anes.

Maçons influentes criam movimento de apoio a Gouveia e Melo à Presidência

O ex-dirigente maçon (que foi Grão-Mestre da Grande Loja Legal de Portugal) garante que o MAAP também tem pessoas que não pertencem à maçonaria e fala num movimento amplo, já com 50 pessoas envolvidas, entre elas vários políticos (cujos nomes Anes recusa revelar nesta fase). “Sob o ponto de vista político, temos gente do centro direita e do centro esquerda”, revela, recusando as críticas feitas a Gouveia e Melo, em que o almirante é acusado de não revelar o que pensa sobre temas estruturais de Portugal e da cena internacional.

“Houve várias publicações recentes com as ideias de Gouveia e Melo sobre o país e a situação internacional”, lembrou José Manuel Anes, garantindo que ex-CEMA “não é contra os partidos”. “Mas acha que há um défice na imagem dos partidos e dos homens que estão a protagonizar essas soluções políticas”, referiu.