Há um ano, Luke Littler tornou-se o adolescente mais conhecido e reconhecido do Reino Unido. Foi mais pesquisado na internet do que o rei Carlos III ou o então primeiro-ministro Rishi Sunak, foi considerado a personalidade jovem do ano no desporto pela BBC e desdobrou-se em anúncios de televisão, talk shows e presenças em eventos mediáticos.

Há um ano, Luke Littler perdeu a final do Campeonato do Mundo de dardos para Luke Humphries. O parágrafo anterior, porém, foi conquistado durante a caminhada até à final e em nada foi afetado pela derrota. Em 2024, com apenas 16 anos, o britânico natural de Warrington foi o mais novo de sempre a chegar à final da competição e tornou-se um autêntico fenómeno de popularidade — ainda que seja a verdadeira definição de anti-estrela, garantindo que festejava vitórias com kebab e que a única preparação para cada partida passava por comer a habitual omelete ao pequeno-almoço.

Mas passou um ano. Luke Littler começou por esconder-se numa localização secreta no País de Gales para fugir a um fenómeno mediático que fez da final do Campeonato do Mundo de dardos de 2024 o evento desportivo que não futebol mais visto na história da Sky Sports. Quando voltou, voltou em grande. Foi convidado para visitar Carrington e Old Trafford e até se encontrou com Alex Ferguson, depois de ter confessado ser adepto do Manchester United, esteve com o ídolo John Cena, trocou mensagens com David Beckham e deu uma volta a Silverstone ao lado de Lando Norris.

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Para além disso, continuou a fazer aquilo para que nasceu. Conquistou dez títulos ao longo do circuito, ultrapassou o milhão de libras em prize money e terminou o ensino secundário. Há duas semanas, voltou ao Alexandra Palace de Londres e ao Campeonato do Mundo de dardos com uma pressão que não tinha há um ano. A pressão de ser a figura da modalidade mais conhecida e reconhecida do mundo, apesar de nunca ter sido campeão mundial.

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“Claro que quero levantar o troféu, mas a pressão e o facto de ser favorito não me afetam. Limito-me a jogar”, contou, em entrevista ao The Telegraph, no início de dezembro. Com pressão ou favoritismo, a verdade é que voltou a impressionar: ultrapassou todos os adversários e qualificou-se novamente para a final, tendo encontro marcado com o neerlandês Michael van Gerwen na noite desta sexta-feira, procurando mais uma vez sagrar-se o campeão mundial mais jovem de sempre.

“Final do Mundial? Vou comer uma omelete e treinar um bocadinho.” Luke Littler, o inglês de 16 anos a fazer história nos dardos

Van Gerwen, porém, não é um oponente qualquer. Já conquistou o Campeonato do Mundo em três ocasiões, a última delas em 2019, e não parece propriamente preocupado com o facto de ir enfrentar Luke Littler, os milhões de fãs de Luke Littler e os milhões que nunca viram uma partida de dardos mas querem que Luke Littler vença.

“Acho que está toda a gente à espera da final, mais do que eu estou. Se ganhar os sete sets, estarei feliz. Conquistei muita experiência e o Michael já esteve em várias finais. Esta é a minha segunda final e sei onde errei no ano passado, sei que consigo corrigir. Claro que ganhar significaria muito”, explicou o jovem britânico, que continua a viver em casa dos pais, mudou de namorada nos últimos meses e pretende começar a tirar a carta este ano.

No que toca à preparação, pouco foi alterado. “Dormir muito, treinar, jogar Xbox, relaxar. Passo uma hora, hora e meia, por dia a treinar. Tento manter o braço solto. É relaxar, basicamente. Ver amigos, sair com eles. Ou então só ficar em casa, no meu quarto, sozinho, a jogar o meu jogo no telemóvel”, atirou, numa descrição bastante própria de um adolescente.

Esta sexta-feira, Luke Littler vai tentar novamente sagrar-se campeão do mundo de dardos. Se conseguir, já garantiu que volta a fugir para o País de Gales e que “ninguém o irá encontrar”. Pelo meio, já é o jogador mais conhecido do mundo. Falta-lhe ser o melhor.