A escritora Djaimilia Pereira de Almeida venceu o Prémio Vergílio Ferreira 2025 da Universidade de Évora (UE), “pelo papel decisivo que tem desempenhado na revitalização da narrativa portuguesa contemporânea“, anunciou esta quinta-feira a academia alentejana.

Em comunicado enviado à agência Lusa, a UE indicou que o júri da edição 2025 do prémio, reunido em Évora nesta quinta-feira, decidiu, por maioria, atribuir o Prémio Vergílio Ferreira a Djaimilia Pereira de Almeida, escritora portuguesa nascida em Angola e cronista no Observador.

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O júri justificou que o galardão é concedido à autora de obras como Esse Cabelo ou Luanda, Lisboa, Paraíso “pelo papel decisivo que tem desempenhado na revitalização da narrativa portuguesa contemporânea, construindo enredos e compondo personagens que problematizam questões de identidade, deslocamento e colonialismo, distanciando-se e dialogando, num registo singular, com a tradição literária portuguesa”.

“Considerada uma das vozes contemporâneas mais importantes da literatura em língua portuguesa, Djaimilia Pereira de Almeida tem-se destacado pela forma como aborda questões de identidade, memória e pertença nos seus livros, amplamente premiados e traduzidos em dez línguas”, referiu.

Instituído pela UE em 1996 para homenagear o escritor que lhe dá nome, o Prémio Literário Vergílio Ferreira destina-se a galardoar anualmente o conjunto da obra literária de um autor de língua portuguesa relevante nos domínios da ficção e/ou ensaio.

Tal como nas edições anteriores, a cerimónia de entrega do galardão está agendada para 1 de março, data em que se assinala o aniversário da morte do escritor Vergílio Ferreira (1916-1996).

No comunicado, a UE realçou que Djaimilia Pereira de Almeida é autora de vários livros, entre os quais Esse Cabelo, Luanda, Lisboa, Paraíso, As Telefones, Três Histórias de Esquecimento, Ferry e Toda a Ferida é uma Beleza, este último vencedor do Grande Prémio de Romance e Novela APE/DGLAB 2024. O Livro da Doença é a sua obra mais recente.

“Em 2023, Djaimilia recebeu o Prémio FLUL Alumni, atribuído pela Faculdade de Letras da Universidade de Lisboa, instituição onde a escritora se doutorou”, lembrou, assinalando que, a partir deste ano, “o vestibular da Universidade de São Paulo incluirá A Visão das Plantas na lista de leitura obrigatória”.

A academia alentejana destacou ainda que a escritora ensinou na Universidade de Nova Iorque, nos Estados Unidos, e escreve na revista brasileira Quatro Cinco Um e no Observador. Pereira de Almeida é também consultora da Casa Civil da Presidência da República.

O júri desta edição foi presidido pelo professor da UE Antonio Sáez Delgado e integrou os docentes universitários Joana Matos Frias, António Apolinário Lourenço e Armando Duarte Senra Martins e o crítico literário Ricardo Viel.

O Prémio Vergílio Ferreira foi atribuído, pela primeira vez, a Maria Velho da Costa, seguindo-se Maria Judite de Carvalho, Mia Couto, Almeida Faria, Eduardo Lourenço, Óscar Lopes, Vítor Manuel de Aguiar e Silva e Agustina Bessa-Luís.

Manuel Gusmão, Fernando Guimarães, Vasco Graça Moura, Mário Cláudio, Mário de Carvalho, Luísa Dacosta, Maria Alzira Seixo, José Gil, Hélia Correia, Ofélia Paiva Monteiro, Lídia Jorge, João de Melo, Teolinda Gersão, Gonçalo M. Tavares, Nélida Piñon, Carlos Reis, Ana Luísa Amaral, Helena Carvalhão Buescu, Ondjaki, e Maria Irene Ramalho foram os outros galardoados.