Taiwan demonstrou esta quinta-feira as suas defesas marítimas contra um potencial ataque chinês, numa altura em que as tensões com Pequim aumentam, como parte de uma estratégia multifacetada para impedir uma invasão pela China continental.

A marinha da ilha destacou os seus barcos de mísseis de ataque rápido Kuang Hua VI e as corvetas da classe Tuo Chiang em águas próximas do maior porto de Taiwan, Kaohsiung, um importante centro de comércio internacional considerado fundamental para o reabastecimento das forças chinesas, caso estas estabeleçam uma cabeça-de-ponte na ilha.

As embarcações Kuang Hua VI, com uma tripulação de 19 pessoas, transportam mísseis anti-navio Hsiung Feng II, desenvolvidos internamente, e demonstraram a sua capacidade de se fazerem ao mar em caso de emergência para intercetar navios inimigos prestes a atravessar o limite de 44 quilómetros da zona contígua de Taiwan, dentro do qual os governos estão autorizados a tomar medidas defensivas.

A China envia habitualmente navios e aviões para desafiar a vontade e a capacidade de Taiwan de combater os intrusos, o que leva Taiwan a lançar aviões, ativar sistemas de mísseis e enviar navios de guerra. Na quarta-feira, Taiwan exigiu que a China pusesse fim à sua atividade militar em curso nas águas próximas, que, segundo Taipé, está a minar a paz e a estabilidade no Estreito de Taiwan e a perturbar a navegação e o comércio internacionais.

PUB • CONTINUE A LER A SEGUIR

A estratégia da ilha consiste em contrariar o Exército chinês, que é muito maior, com uma defesa relativamente flexível, capaz de impedir que as tropas chinesas atravessem o Estreito de Taiwan, que separa o território do continente chinês. Os locais de desembarque são escassos na costa ocidental de Taiwan virada para a China, obrigando Pequim a concentrar-se na costa oriental.

Hsiao Shun-ming, capitão de uma corveta da classe Tuo Chiang, disse que o tamanho relativamente pequeno do seu navio ainda permite que “tenha um poder competitivo formidável” contra navios chineses maiores. O Tuo Chiang tem um formato de catamarã e apresenta velocidades elevadas e uma capacidade furtiva considerável.

Nos últimos anos, Taiwan revigorou a sua indústria de defesa nacional, embora continue a depender fortemente da tecnologia dos Estados Unidos, como caças, mísseis, tanques e equipamento de deteção atualizados. A lei dos EUA exige que considere as ameaças à ilha como questões de “grave preocupação”, e espera-se que as forças norte-americanas e aliadas sejam um fator importante em qualquer conflito.

O exercício de hoje “demonstra a eficácia da guerra assimétrica e o empenho de Taiwan na autossuficiência da defesa”, disse Chen Ming-feng, contra-almirante e comandante da Frota 192 da Marinha, especializada na deteção de minas. “Estamos sempre prontos para responder rapidamente e podemos lidar com qualquer tipo de situação marítima”.

O Partido Comunista da China recusou quase todas as comunicações com os governos pró-independência de Taiwan desde 2016, e alguns em Washington e em outros lugares dizem que Pequim está cada vez mais perto de tomar medidas militares.

A China considera Taiwan parte do seu território, a ser controlada pela força, se necessário, enquanto a maioria dos taiwaneses favorece a sua independência de facto e a manutenção do status democrático.