Em 1987, o então Presidente da República, Mário Soares, demorou 25 dias a decidir se convocava eleições antecipadas ou se convidava outras forças políticas a formar Governo. O primeiro governo minoritário de Cavaco Silva foi derrubado por uma moção de censura apresentada pelo PRD a 3 de abril.
PS e PRD queriam formar Governo e disseram isso mesmo a Soares em audiências. O país estava – como agora está – em suspenso à espera de uma decisão do Presidente. Antes de a anunciar, porém, Soares reuniu o Conselho de Estado duas vezes, a 23 e a 28 de abril.
O Presidente só anunciou ao país o que queria fazer (convocar eleições antecipadas) no dia 28 de abril, ou seja, 25 dias depois da queda do Governo. Estas eleições realizaram-se a 19 de julho de 1987, ou seja, 106 dias depois do Governo ter sido derrubado. Delas resultou a vitória por maioria absoluta do PSD e Cavaco tomou posse como primeiro-ministro 28 dias depois das eleições, ou seja, 134 após ter sido demitido dessas mesmas funções pela moção de censura.
O Governo foi investido de plenas funções, na Assembleia da República, com a aprovação do programa de Governo, 10 dias após a tomada de posse, e 144 dias depois do anterior Governo ter sido deposto das suas funções.
Se estes prazos fossem agora imitados, Cavaco teria até 6 de dezembro para anunciar o que pretende fazer: dar posse a Costa ou manter este Governo em gestão.
Outra curiosidade: 14 dias depois de o Governo ter caído na Assembleia, Cavaco assinou, a 17 de abril, um tratado internacional com a Declaração Conjunta luso-chinesa que estabeleceu a transferência administrativa de Macau em 20 de dezembro de 1999.
*Artigo editado por Helena Pereira