A editora Tinta-da-china projeta editar, até ao final de 2014, catorze novos títulos, entre os quais, pela primeira vez, a “Obra completa de Álvaro de Campos”, heterónimo de Fernando Pessoa, e o novo romance de Rui Cardoso Martins. “Pela primeira vez, a poesia e a prosa de Álvaro de Campos serão reunidas num só volume. Um trabalho de fôlego de Jerónimo Pizarro e Antonio Cardiello, os organizadores”, disse à Lusa fonte da editora. Este título é editado no âmbito coleção “Pessoa”, dirigida por Jerónimo Pizarro, na qual será também publicada a obra, organizada por José Barreto, “Fernando Pessoa – Sobre o Fascismo, a Ditadura Portuguesa e Salazar”.
Rui Cardoso Martins, já distinguido com o Grande Prémio de Romance e Novela da Associação Portuguesa de Escritores, estreia-se no catálogo da Tinta-da-china com um novo romance intitulado “O Osso da Borboleta”, o terceiro do autor que se iniciou na lides literárias com “E se eu gostasse muito de morrer”, saído em 2006. O livro do escritor e jornalista, um dos fundadores das Ficções Fictícias, é publicado na coleção “Ficção de Literatura Portuguesa”, na qual será reeditado o romance “Os meus sentimentos”, de Dulce Maria Cardoso, que foi dado à estampa pela primeira vez em 2005 e valeu à escritora o Prémio da União Europeia para Literatura. Nesta mesma coleção é publicado o novo romance de Alexandra Lucas Coelho, “O meu amante de domingo”.
Na colecção de poesia, dirigida por Pedro Mexia, será editado o volume “77 Canções”, de John Berryman, numa tradução do poeta Daniel Jonas. Esta é “a primeira vez que Berryman, um dos grandes poetas americanos do século XX, é traduzido e publicado em Portugal”, sublinhou à Lusa fonte da editora. Berryman é “mestre do confessionalismo” e foi galardoado com o Prémio Pulitzer e com o National BOOKAward, entre outros.
Outro poeta que é pela primeira vez traduzido em Portugal é inglês Hugo Williams, de quem sairá “Última Semana”, uma seleção de poemas de vários livros do autor, com tradução de Pedro Mexia. “Hugo Williams é um dos grandes poetas de língua inglesa vivos e nunca foi traduzido em Portugal, é autor de 13 livros, venceu o Prémio T. S. Eliot em 1999, com ‘Billy’s Rain’”.
Até ao final do ano será também editado o segundo volume das entrevistas da “histórica revista literária que mudou o nosso modo de olhar os escritores”, a Paris Review. O volume reúne mais doze entrevistas a escritores, entre os quais se contam dois prémios Nobel da Literatura – T. S. Eliot e Harold Pinter -, e autores como Ezra Pound, Marguerite Yourcenar, Vladimir Nabokov e Philip Roth.
Na coleção “Literatura de viagens”, dirigida pelo jornalista Carlos Vaz Marques, será editada “A estrada para Oxiana”, de Robert Byron, “considerado por muitos o primeiro grande livro de viagens da era moderna”. Data de 1937 e “é o relato de dez meses de viagem pelo Médio Oriente, Palestina, Síria, Iraque e Afeganistão, entre vários outros países”, explicou a editora.
Nesta mesma coleção será publicado “Dália azul, ouro negro”, de Daniel Metcalfe, que “explorou profundamente Angola após o final da guerra civil, e descreve neste livro um país de contrastes que continua à procura da sua identidade”.
Na coleção “Clássicos da literatura de humor”, dirigida por Ricardo Araújo Pereira, será publicado “Oblomov”, de Ivan Goncharov, “um clássico do século XIX, grande sátira à nobreza russa”, numa tradução de António Pescada. “Oblomov é o epítome da preguiça e da indecisão”, adianta a Tinta-da-China. Nos planos desta editora está também a publicação de “Condor”, um livro de fotografia do fotojornalista João Pina, um tributo à memória das vítimas da Operação Condor, das ditaduras da América Latina, na década de 1970.
A operação consistia num plano militar secreto, instituído em 1975 pela Argentina, Brasil, Bolívia, Chile, Paraguai e Uruguai, governados por ditaduras de extrema-direita, para eliminar a oposição política. Esta operação traduziu-se em 60 mil mortos. O quarto volume da revista Granta, dirigida por Carlos Vaz Marques e editada pela Tinta-da-China, será dedicado ao tema “África” e conta com textos do escritor moçambicano Mia Couto e do autor de origem angolana Sousa Jamba, entre outros, e ilustrações de Alain Corbel.