A nomeação do primeiro-ministro polaco, Donald Tusk, 57 anos, como próximo presidente do Conselho Europeu trouxe, pela primeira vez, um político de Leste a um cargo de relevo na União Europeia (UE).

Nascido a 22 de abril de 1957, em Gdansk, filho de um carpinteiro e de uma enfermeira, Tusk pertence à minoria étnica eslava originária da região de Cassúbia, no norte da Polónia. É casado, tem dois filhos e um neto, e o seu nome próprio deve-se ao facto de a avó paterna se ter apaixonado por um aristocrata britânico com o mesmo nome, durante uma viagem ao Reino Unido.

Durante a juventude, o futuro presidente do Conselho Europeu envolveu-se na atividade política, ainda durante o regime comunista, e ajudou a fundar o Comité Estudantil Solidariedade, ligado ao sindicato liderado por Lech Walesa, um dos pilares decisivos no combate contra a ditadura. Frequentou a Universidade da cidade natal, onde estudou História.

Nos anos 1980, fundou a Associação Independente de Estudantes, filiada no Solidariedade, e tornou-se jornalista. A atividade política oposicionista levou-o a ser incluído numa “lista negra” e a fechar-lhe a porta a empregos em firmas detidas pelo Estado polaco. Em alternativa, trabalhou numa cooperativa.

PUB • CONTINUE A LER A SEGUIR

Nesta altura, era um exímio jogador de futebol e emprestava os seus talentos a uma equipa de futebol que integrava outros elementos do Solidariedade. Jogava a avançado-centro e tinha veia goleadora, refere o Financial Times, sendo capaz de estar no sítio certo, à hora certa, para conseguir colocar a bola no fundo da baliza adversária e assegurar vitórias para a equipa em que se integrava.

Tido como ambicioso, mas circunspecto, é líder e cofundador do partido Plataforma Cívica – que integra o Partido Popular Europeu, a principal família política europeia. Europeísta convicto, chegou a adoptar o slogan “nem esquerda, nem direita, mas direito à Europa”. Liberal e defensor de uma maior integração europeia, Tusk é ainda considerado mais próximo de Kiev do que de Moscovo no conflito russo-ucraniano e alimenta uma forte ligação à chanceler alemã, Angela Merkel.

O facto de não falar francês e ter pouco domínio do inglês não é visto pelo próximo presidente do Conselho Europeu como um obstáculo, que disse contar com a sua experiência política e energia para prosseguir o trabalho de construção de compromissos, de Van Rompuy. Até 1 de dezembro de 2014, data em que assume o cargo, comprometeu-se a melhorar o seu inglês: “I will Polish my english” [“Vou polir o meu inglês”, em tradução livre], gracejou no sábado, durante uma conferência de imprensa após o anúncio da sua escolha, brincando com a palavra “polish” que pode ser traduzida como polir ou polaco.

Os líderes dos 28 escolheram, durante a cimeira extraordinária de 30 de agosto, os próximos presidente do Conselho Europeu, Donald Tusk, e chefe da diplomacia europeia, a italiana Federica Mogherini, atual ministra dos Negócios Estrangeiros.