Mais de 24 horas após uma explosão numa mina em Soma, na Turquia, o primeiro-ministro turco Recep Tayyip Erdoğan confirma a morte de 238 mineiros e 80 feridos. Ainda se encontram 120 pessoas encurraladas e a probabilidade de as encontrar com vida reduz-se a cada minuto.

A tragédia, que não é a primeira no país – em 1992 morreram 263 mineiros numa mina na província de Zonguldak -, levou o primeiro-ministro a adiar a visita oficial à Albânia, a decretar três dias de luto nacional e a cancelar as comemorações do Dia da Juventude e Desporto.

Desde 1941 já morreram mais de 3.700 pessoas e 370.000 ficaram feridas em acidentes nas minas turcas, revelou um inquérito parlamentar realizado em 2010, após um acidente que vitimou 28 trabalhadores, lembrou esta quarta-feira o Público. Uma das causas destes acidente são falhas nas medidas de segurança embora o primeiro-ministro tenha chegado a afirmar, em 2010, que são ossos do ofício: “É impossível prevenir uma explosão de gás metano a 100%. Infelizmente, este é o destino desta profissão em muitos sítios em todo o mundo”.

Ainda esta quarta-feira, o jornal turco Gazete Vatan noticiou que um mineiro morreu num deslizamento de terras de uma mina ilegal em Zonguldak. Incidentes deste tipo reforçam os motivos que tornam a Turquia o país europeu com maior número de mineiros mortos, segundo um relatório de 2012 da Organização Internacional do Trabalho, referido pela Reuters.

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Embora a população do distrito de Soma, com 16 mil habitantes a trabalhar nas minas, esteja habituada aos riscos desta profissão, nada os poderia preparar para a dimensão do desastre de terça-feira. Nem o hospital local estava preparado – teve de improvisar morgues em camiões e armazéns refrigerados -, refere a Reuters. Os primeiros funerais dos trabalhadores começaram já a ser realizados esta quarta-feira depois das respetivas autópsias.

Entretanto, em Istambul, cerca de 200 pessoas manifestaram-se em frente à sede da empresa responsável pela mina de Soma – Soma Komur Isletmeleri. Em Ancara, estudantes da Universidade Técnica do Oriente Médio que se preparavam para uma manifestação junto ao Ministério da Energia foram barrados pela polícia com gás lacrimogéneo.