A Turquia decretou hoje três dias de luto nacional depois do acidente numa mina, na terça-feira, no oeste do país, que causou 205 mortos, de acordo com um balanço provisório.
“Devido à catástrofe ocorrida na mina de Soma, foram decretados três dias de luto nacional, a partir de terça-feira, 13 de maio”, indicou em comunicado o gabinete do primeiro-ministro turco, Recep Tayyip Erdogan.
O chefe do executivo anulou uma deslocação à Albânia e vai visitar a zona da catástrofe, durante o dia.
O presidente da Turquia, Abdullah Gul, desloca-se na quinta-feira a Soma, depois de ter anulado uma viagem à China.
O acidente, causado por uma explosão seguida de um incêndio, ocorreu numa mina de carvão em Soma, localidade situada a uma centena de quilómetros de Izmir (oeste, perto do mar Egeu).
No local, o ministro da Energia e Recursos Naturais turco, Taner Yildiz, explicou aos jornalistas que o balanço provisório do número de mortos era de 205 e pode aumentar.
“O número de mortos eleva-se a 205”, disse. “As nossas esperanças [de encontrar sobreviventes] diminuem cada vez mais”, acrescentou.
O último balanço, divulgado ao amanhecer pelo mesmo responsável, era de 201 mortos. Pelo menos 80 pessoas ficaram feridas, quatro das quais gravemente.
Ao todo, 363 mineiros foram retirados com vida da mina, de acordo com as autoridades, mas cerca de 200 continuam ainda presos nos poços, apesar dos esforços das equipas de socorro. A agência noticiosa turca Anatolia afirmou hoje que seis trabalhadores foram retirados vivos da mina durante a manhã, sem precisar o seu estado de saúde.
Quando ocorreu a explosão, seguida de um incêndio, que ainda continua – de acordo com o ministro Yildiz – 787 trabalhadores estavam na mina de carvão, na terça-feira à tarde, disseram as autoridades turcas.
Em resposta às acusações de negligência, Yildiz afirmou: “Se houve negligência, não fecharemos os olhos. Vamos tomar todas as medidas necessárias, incluindo administrativas e legais”.
O gabinete do procurador regional abriu hoje um inquérito judicial ao acidente.
As equipas de socorro continuam a trabalhar freneticamente no local, mantendo jornalistas e espetadores à distância.
Vários guardas e polícias armados foram destacados em redor do local para facilitar as deslocações incessantes de dezenas de ambulâncias entre o local da catástrofe e o hospital de Soma.
Um grande número de mineiros conseguiu fugir das galerias subterrâneas após a explosão, mas outros ficaram presos, numa bolsa isolada, indicou à agência noticiosa francesa AFP um responsável da mina, que pediu o anonimato.
De acordo com os primeiros testemunhos, a explosão ocorreu cerca das 12:30 TMG (13:30 em Lisboa), aparentemente devido a um transformador elétrico, provocando um desabamento que bloqueou os mineiros nas galerias subterrâneas.
Em comunicado, a companhia privada mineira “Soma Komur” qualificou o desabamento de “acidente trágico”.
“O acidente ocorreu apesar de todas as medidas de segurança e inspeções, mas conseguimos intervir rapidamente”, acrescentou a empresa.
O Ministério do Trabalho e Segurança Social turco indicou que a última inspeção à mina decorreu a 17 março e a empresa aplicava as normas de segurança em vigor.
As explosões em minas são frequentes na Turquia, em particular nas do setor privado, onde as medidas de segurança não são frequentemente aplicadas.
O acidente mais grave ocorreu em 1992, quando 263 mineiros morreram numa explosão de gás na mina de Zonguldak (norte), zona da maior bacia mineira de carvão na Turquia.