O candidato presidencial António Sampaio da Nóvoa escusou-se esta terça-feira a comentar a convicção de Marcelo Rebelo de Sousa numa vitória eleitoral nas presidenciais e preferiu valorizar as preocupações da sua candidatura com as desigualdades e a pobreza.

“Estou aqui num debate extraordinariamente importante para mim e para todos nós, sobre as desigualdades e sobre a pobreza, sobre a sua ligação com a democracia. É um tema central para mim, e uma causa central da minha candidatura. É esse debate que me interessa”, disse Sampaio da Nóvoa aos jornalistas, em Setúbal.

“Eu não cheguei a candidato a Presidente da República, como sou hoje, a partir de um lugar de comentador. Há quem seja capaz de vestir várias peles ao mesmo tempo. Eu não sou capaz. Estou aqui como [candidato a] Presidente, para marcar as minhas ideias e as causas porque me bato para Portugal e, em particular, esta causa da luta contra as desigualdades, que é uma causa central da minha candidatura”, acrescentou.

Sampaio da Nóvoa reagiu desta forma ao ser confrontado com a convicção manifestada por Marcelo Rebelo de Sousa, em entrevista à SIC, de que acreditava numa vitória à primeira ou na segunda volta, nas eleições presidenciais de 24 de janeiro de 2016.

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No discurso de encerramento do debate realizado em Setúbal sobre “Desigualdades, Pobreza e Democracia”, Sampaio da Nóvoa lembrou que faltam apenas 47 dias (tempo que falta para as eleições presidenciais) para se iniciar um novo ciclo no Palácio de Belém.

“Faltam apenas 47 dias para que se abra, também na Presidência da República, um tempo novo. E se todos quisermos, nesta nossa ‘Belém’, o futuro – não começa daqui 16 dias (Natal) – começa daqui a 47 dias no Palácio de Belém, começa na noite de 24 de janeiro, o mais tardar três semanas depois, se todos quisermos se todos nos envolvermos”, disse.

Sampaio da Nóvoa prometeu dar tudo pela eleição para a Presidência da República, em nome de “um Portugal de futuro, um Portugal diferente, um país de causas”, acrescentando que será um presidente de causas, a começar pelas causas do combate à desigualdade e à pobreza.

O debate, moderado por Alfredo Bruto da Costa, contou com as participações de Carlos Farinha Rodrigues e Isabel Guerra, professores do Instituto Superior Economia e Gestão (ISEG), de Joaquim Barbosa, provedor Misericórdia de Almada, e do ministro do Trabalho, Solidariedade e Segurança Social, José Vieira da Silva.

Apoiante de Sampaio da Nóvoa, Vieira da Silva defendeu que um dos maiores desafios do combate à pobreza passa pela mobilização da sociedade portuguesa para acabar com a indiferença perante as desigualdades.

“Como mobilizar a sociedade, como mobilizar os poderes, para uma atitude ativa, uma caminho de recuperação de uma atitude de recusa desta dimensão cruel e desumana das desigualdades, desta atitude inaceitável de uma sociedade que convive muito bem como o facto de uns nascerem naturalmente muito ricos e outros nascerem inevitavelmente pobres – se calhar tem a ver com o imposto sucessório, mas não vou agora tocar neste aspeto”, disse Vieira da Silva.

“Eu não sou muito pessimista – já fui menos – sobre a nossa capacidade de mobilização social. Há uns anos atrás (…), fiquei verdadeiramente surpreendido com a dimensão da adesão popular ao programa ‘Novas Oportunidades’. Vi centenas, milhares de pessoas que se envolviam, às vezes com um esforço muito superior àquele que os observadores lhes atribuíam, numa vontade de contribuir para mudar a sua vida. Foi mais de 1,5 milhões de pessoas”, acrescentou.