A recuperação da economia portuguesa nos próximos três anos será mais lenta, prevê o Banco de Portugal, que reviu em hoje em baixa o crescimento nos próximos três anos. Em 2015, a economia deverá crescer menos uma décima, 1,6% do PIB, e não chegará aos 2% em 2017 como se esperava em junho.

A economia portuguesa deverá continuar a recuperar de forma gradual, mas mais lentamente, segundo o Banco de Portugal. No Boletim Económico publicado hoje, a instituição liderada por Carlos Costa, faz uma revisão ligeira em baixa este ano, que intensifica em 2016 e 2017.

O Banco de Portugal esperava em junho e outubro que a economia portuguesa crescesse cerca de 1,7% do PIB em 2015. Agora, nas previsões atualizadas, a instituição aponta para um crescimento de 1,6% do PIB.

A instituição espera menos investimento (passa de 6,2% para 4,8%) e um crescimento das importações este ano na ordem dos 7,3% (contra 5,7% previstos em junho).

Ainda assim, o consumo privado e as exportações serão maiores que o previsto em meio ponto percentual, 2,7% e 5,3% respetivamente.

Mesmo com o aumento das exportações, a dimensão do aumento das importações deverá fazer mossa no saldo externo positivo que o banco central previa para este ano, que deverá atingir os 2,4% do PIB, abaixo dos 3% do PIB previstos anteriormente. A queda só não é maior devido à baixa no preço do petróleo.

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Para os próximo dois anos as notícias são mais negativas. A instituição liderada por Carlos Costa esperava que a economia começasse a crescer 2% em 2017, mas isso já não está no horizonte. A revisão em baixa deste ano e do próximo faz com que a nova expetativa seja que a economia cresça apenas 1,8% em 2017. No próximo ano, 2017, o banco central esperava um salto de duas décimas para 1,9% do PIB, mas agora não deverá passar dos 1,7%.

As previsões, diz o banco central, estão rodeadas de grande incerteza. Em primeiro lugar, o atraso na apresentação do Orçamento do Estado para 2016 devido ao calendário eleitoral faz com o que os técnicos não tenham ainda conhecimento das medidas que serão aplicadas no próximo ano.

Em segundo lugar, a incerteza em torno da recuperação da economia a nível mundial, em especial dos fluxos de comércio internacional e das economias emergentes, faz com que seja mais difícil calcular com maior exatidão o que esperar nos próximos dois anos.

A recuperação mais gradual na zona euro e a turbulências nas economias emergentes, que tem afetado os fluxos de comércio, fazem-se notar nas previsões para as exportações portuguesas que, mesmo descontando o crescimento maior este ano, sofrem um corte significativa no ritmo de crescimento previsto para os próximo dois anos. Em 2016, as exportações deveriam crescer 6%, mas agora o banco central espera que cresçam apenas 3,3%. Em 2017, o crescimento esperado em junho era de 6,4%, mas foi revisto agora para 5,1%.