Paulo Portas é o líder partidário em funções mais antigo e as conversas sobre a sua sucessão duram, por isso, há muito tempo. Sai depois de ter conseguido alcançar um sonho antigo, ser vice-primeiro-ministro. E agora a quem fica entregue o partido?

Em 2005, quando se demitiu da liderança depois de um mau resultado nas eleições que deram maioria absoluta a José Sócrates, Portas optou por sair sem olhar para trás. Deixou desorganizados os seus principais colaboradores. A história terminou como sabemos: avançou em nome da ala portista Telmo Correia que acabou derrotado por José Ribeiro e Castro. A partir de Bruxelas, onde era eurodeputado, a sua liderança durou pouco tempo: dois anos. Crítico de Ribeiro e Castro e do posicionamento do partido, Portas não se conteve e avançou novamente para um segundo ciclo à frente do CDS.

João Almeida, Luís Pedro Mota Soares, Nuno Melo e Assunção Cristas. São vários os centristas que se podem posicionar agora para a sucessão de Portas.

João Almeida sucedeu a Portas como cabeça de lista em Aveiro nestas legislativas de 4 de outubro, um pormenor que tem importância e que deixa antever outras possíveis sucessões. Foi secretário de Estado da Administração Interna e é um dos homens fortes da bancada centrista para as Finanças. Foi líder da JP.

PUB • CONTINUE A LER A SEGUIR

Luís Pedro Mota Soares é um dos homens de confiança de Portas mais bem treinados politicamente pelo seu líder. Tem ambição e já foi líder do grupo parlamentar durante o período de governação Durão Barroso/Paulo Portas e Santana Lopes/Paulo Portas. Neste último Governo ocupou uma das pastas mais cobiçadas pelo CDS, a Segurança Social.

Assunção Cristas tem vontade de novos voos que não disfarça, embora tenha vários anti-corpos no partido. Foi uma das ministras mais populares no último Governo com a pasta da Agricultura e é considerada ainda uma novata no CDS. A sua aproximação ao partido dá-se depois do segundo referendo à despenalização do aborto, em 2007.

Nuno Melo é eurodeputado e durante muito tempo foi visto como o número 2 do partido. Tem um problema: não está sentado em S. Bento. Não é deputado e, no passado, os portistas apontavam a Ribeiro e Castro precisamente essa falha quando este acumulou a liderança com o lugar de eurodeputado.

Estes são os nomes da ala portista, mas é natural que a corrente crítica da atual direção apresente candidatura como aconteceu no último congresso com Filipe Anacoreta Correia. Este conseguiu cerca de 20% dos votos e esta noite já admitiu poder avançar de novo. Elogiando a decisão de Portas que classificou de “maturidade democrática”, afirmou à Lusa que deve haver “renovação no partido e amadurecimento”.

“O atual momento deve ser visto como oportunidade”, disse o líder do Movimento Alternativa e Responsabilidade.