Há poucas coisas que acontecem por acaso e não terá sido sem querer que Paulo Gonçalves registou a sua conta de Twitter como o nome @GonçalvesSpeedy. O português aproveitou a coincidência de ter o mesmo apelido de uma personagem animada da Warner Brothers e de ela, como ele, ter a velocidade como uma forma de encarar a vida. E foi a ser rápido que Paulo Gonçalves conseguiu esta quarta-feira alcançar a liderança do Dakar, ao fim da quarta etapa do rali que mais puxa pelos pilotos neste planeta.

O português, que se senta numa Honda, terminou os 429 quilómetros da especial (que partia e terminava em Jujuy, na Argentina) ao fim de 4:07.19 horas, mas não foi o mais rápido a fazê-lo. Joan Barreda demorou menos 1.49 minutos a fazê-lo, embora fizesse também algo pelo meio que permitiu a Paulo Gonçalves acabar a etapa com um sorriso na cara.

O piloto espanhol não respeitou uma zona de velocidade limitada — existem várias ao longo de cada etapa que, por distração ou por falhas no sistema de GPS que equipa as motos, os pilotos ignoram ou falham — e a organização do Dakar penalizou-o em cinco minutos (já lhe tinha acontecido na terceira etapa, realizada na terça-feira). Esse desconto permitiu a Paulo Gonçalves ascender à liderança da classificação.

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A vitória na etapa permitiria a Barreda (Honda) voltar ao topo da classificação do qual saíra na véspera, lá está, pelo mesmo motivo, para o eslovaco Stefan Svitko (KTM), mas a penalização tramou-o. Agora é o português que lidera o rali das motos, com um tempo de 10:35.17 horas, beneficiando de 2.17 minutos de vantagem sobre o argentino Kevin Benavides (Honda) e 3.03 em relação a Joan Barreda — os três pilotos pertencem à equipa da Honda.

Antes da quinta etapa, que na quinta-feira liga Jujuy a Uyuni, na Bolívia, com uma secção cronometrada de 327 quilómetros, Ruben Faria ocupa a quinta posição, a 5.24, e Hélder Rodrigues (Yamaha) está em 14.º, a 15.40.

No final da passada edição do rali, em que ficou a sete segundos do primeiro lugar na classificação final, Paulo Gonçalves garantia ao Observador que “ainda [tinha] mais 10 anos de Dakar pela frente”. O português foi massacrado por 17 minutos de penalizações em 2015 e acreditava “cada vez mais” que “era possível” um dia terminar como vencedor do Dakar. São essas penalizações que, agora, o colocam a liderar o rali ao final da quarta de 13 etapas.