Não quis comentar os dados da execução orçamental até agosto divulgados esta tarde, por ainda não os conhecer, mas Pedro Passos Coelho centrou-se nos dados da execução conhecidos até julho para dizer que “não augura nada de bom”. Para o líder do PSD, que falava esta tarde aos jornalistas no final de uma visita ao Centro de Inovação Empresarial de Santarém, a meta do défice prevista pelo Governo para o final do ano não vai ser fácil de cumprir. Em vez de ficar “confortavelmente” abaixo dos 2,5%, como Costa tem dito, Passos acha que quanto muito ficará “confortavelmente” acima de 2,5%. Numa narrativa paralela, António Costa voltou a dizer esta tarde que os números hoje divulgados “confirmam a tranquilidade com que o Governo tem encarado a execução orçamental deste ano”. E garante que a meta de 2,5% “é para cumprir”.

“A mim parece-me que, ao contrário do que o Governo tem dito, não haverá condições para [o défice] ficar confortavelmente abaixo de 2,5%. Eu acho que se pode dizer que ficaremos confortavelmente acima disso”, disse Passos Coelho em Santarém, reforçando que “só no fim” se verá. “Espero que isso possa acontecer”, mas, “o que nós vamos vendo é as dificuldades que o Estado tem tido em ter essas contas controladas”, disse.

Para Passos Coelho, as contas do Governo só são, para já, “aparentemente boas”, porque o Governo tem “travado às quatro rodas” a despesa pública que tinha programado, nomeadamente em termos de investimento público e de aquisição de bens, equipamentos e serviços. E ao empurrar essas despesas para a segunda metade do ano tal vai refletir-se na execução orçamental. Haverá “riscos orçamentais maiores”, disse o líder do PSD, sublinhando que não se sabe “que margens o Governo terá para fazer face a esses riscos e ainda assim cumprir as metas”.

O tema do investimento público é atualmente um cavalo de batalha do PSD, que critica o PS por, antes, acusar o anterior executivo de cortar no investimento público à custa da austeridade, e, agora, não ter dinheiro para alocar no investimento público porque a economia não está a crescer como o esperado. “Quando eu cheguei a primeiro-ministro tínhamos um défice de cerca de 11% — e os dados hoje confirmam que em 2015 o défice ficou ligeiramente abaixo dos 3% ligeiramente — isto quer dizer que fizemos um caminho muito longo, tivemos de tomar muitas medidas de emergência e éramos muito criticados por sacrificarmos o investimento publico. Mas as políticas de investimento público são hoje mais sacrificadas”, disse.

E acrescentou: “Se nós [PSD/CDS] governamos em emergência e apesar de tudo tínhamos mais dinheiro para investimento público do que agora o Governo tem, alguma coisa não está a funcionar bem. É apenas para isto que quero chamar atenção”.

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