As bolsas europeias abriram em queda mas, após o discurso conciliador de Donald Trump, garantindo que os EUA vão manter “ótimas relações” com os outros países, algum do pessimismo inicial desvaneceu-se — a verdade, contudo, é que desta vez as bolsas não foram apanhadas tão em contrapé como no referendo do Brexit.
Em Tóquio, o índice Nikkei fechou a cair mais de 5%, numa altura em que a vitória de Trump ainda não era certa mas era já vista como muito provável. Na abertura das bolsas europeias, as perdas era mais pronunciadas — 2,36% no ponto mais baixo — mas o índice Stoxx 600, que mede o desempenho das principais ações europeias, já está a cair menos de meio ponto percentual.
As ações dos bancos europeus também já estiveram a cair bem mais, mas neste momento descem 1,1%, segundo o índice Stoxx para a banca. Nem todos os setores caem, contudo, já que as farmacêuticas, por exemplo, disparam mais de 3,5% com a perspetiva de que Trump possa introduzir políticas que sejam favoráveis a estas empresas.
O último segmento do gráfico da Bloomberg mostra a recuperação das ações europeias, depois de uma abertura mais negativa.
Os contratos futuros para a bolsa de Nova Iorque estão a cair 1,8%, apontando para uma abertura em baixa para a bolsa norte-americana.
Em nota enviada esta manhã aos investidores, os analistas do banco ING dizem que, nos próximos dias, “os mercados financeiros vão responder [à eleição de Trump] com um apetite pelo risco diminuído”, o que penaliza o investimento, por exemplo, em ações e na dívida pública dos países da periferia europeia. Os juros de Portugal já estão a subir, cerca de cinco pontos-base, para 3,26%.
Apesar da vitória de Trump nas eleições e, também, do partido republicano no Congresso, “acreditamos que o Congresso continua a ser conservador do ponto de vista fiscal, portanto Trump terá provavelmente de recuar em algumas das promessas de cortar impostos”.
Qual é a grande questão? “O que Trump fará com a política de comércio externo continua a ser a grande incógnita, e potencialmente a principal preocupação para os mercados financeiros”, diz o ING.
A principal vítima do resultado eleitoral é o peso mexicano, que já esteve a cair quase 12%.