O presidente da PT Portugal, Armando Almeida, diz que “é muito importante que essas pessoas se sintam confortáveis nesta altura em que os mares à nossa volta estão turbulentos”, garantindo que a administração da empresa, cuja liderança assumiu em agosto, não vê “a redução de pessoal como o tópico principal para esta empresa”. E acrescenta que “a mim, ninguém me disse que a PT Portugal está à venda”, adiantando que a Oi injetou dois mil milhões de euros na PT devido a uma “situação de caixa”.

Em entrevista ao Diário Económico publicada nesta quarta-feira, Armando Almeida afirma que a “PT é líder de mercado, vai continuar a ser líder e tem de se distanciar dos segundos e terceiros lugares”. E isso passa pela aposta na inovação e na eficiência operacional. O que não é sinónimo de despedimentos, garante o responsável. “Quero marcar essa posição: não é minha intenção nem da minha administração, neste momento, reduzir pessoal”, diz o presidente da PT Portugal. “Acho que, nesta altura, fazer isso na situação em que Portugal está não seria o mais indicado para um líder”, nota.

Mas, afirma, “é importante fazer mudanças nessa área”. Como? “Temos 16 mil pessoas em ‘outsourcing’ que estão a trabalhar dentro da empresa. Há certas áreas onde precisamos de trazer excelência operacional. Quando as começarmos a analisar, haverá de certeza a oportunidade de movimentar pessoas dentro da empresa”, adianta Armando Almeida.

O presidente da PT Portugal abordou, ainda a questão dos trabalhadores da PT que estão em pré-reforma. “Temos um contrato com essas pessoas e não é nossa intenção voltar atrás nesses contratos. Somos uma empresa séria, rigorosa, transparente. Não queremos voltar atrás com coisas que foram assinadas”. Contudo, “precisamos de fazer coisas diferentes”, afirma, adiantando que “estamos a trabalhar com os sindicatos e com a comissão de trabalhadores”.

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“A mim, ninguém me disse que estamos à venda”

Armando Almeida procurou, na entrevista ao Diário Económico, marcar a diferença entre aquilo que é a PT Portugal, a empresa que reúne as operações no país e detém a marca Meo, e a PT SGPS, que tem estado em forte queda na bolsa e que, como ativos, tem uma posição de 26% na empresa resultante da fusão entre a PT e a Oi e, também, a dívida da RioForte, uma empresa do Grupo Espírito Santo que poderá estar a caminho da insolvência no Luxemburgo.

O responsável rejeita que, apesar das manifestações de interesse nas operações portuguesas da PT, nomeadamente por parte dos franceses da Altice, que a empresa esteja à venda. Pelo menos, não lhe foi comunicada essa situação, garante Armando Almeida. “A mim, ninguém me disse que a PT Portugal está à venda”, afirma. “Como sabem, os acionistas utilizam o conceito de facto relevante e já saíram realmente alguns factos relevantes que disseram que havia interesse de algumas empresas. Mas que a empresa esteja à venda, esse facto relevante não recebi”, garante.

Reuniões com os franceses da Altice? “No momento em que for a altura, se passarmos por essa fase… de certeza que irão ouvir-nos, mas é a Oi que tem de comunicar em termos de eventuais factos relevantes”, sublinha. “Eu continuo com o mesmo objetivo, que é entregar os resultados aos acionistas sem afetar os clientes e mantendo um clima positivo dentro da empresa”, conclui Armando Almeida.

PT recebeu dois mil milhões da Oi devido a “situação de caixa”

O presidente da PT Portugal adiantou também que a empresa recebeu “dois mil milhões de euros desde abril deste ano até agora”, o que se deveu a “uma situação de caixa, alguma parte vocês já a conhecem”. Por causa da aplicação em papel comercial na RioForte? “Esse é um dos motivos e o outro foi para fazer um balanceamento da dívida entre reais e euros, que também é importante”.

O responsável diz que “recebemos uma entrada de capital forte da Oi em 2014, não vamos necessitar de mais capital”, notou o responsável. “Às vezes diz-se que empresas brasileiras não investem em Portugal, eu desafio qualquer pessoa a dizer-me qual foi a outra empresa que investiu dois mil milhões de euros em Portugal este ano”, afirma.

Quanto às necessidades de financiamento para os próximos anos, “sabemos quanto é que precisamos de investir para 2015 e estamos em condições de o fazer utilizando os recursos próprios da PT Portugal”, remata o responsável.