Hoje em dia, Portugal é um país onde a desigualdade entre homens e mulheres é menor do que em 2013. É o que indica o relatório anual do Fórum Económico Mundial sobre o tema. Em 142 países, Portugal ocupa o 39º lugar no ranking das diferenças entre géneros, com uma pontuação de 0,724, ainda a larga distância do primeiro classificado, a Islândia, com uma pontuação de 0,859 – e ultrapassado por países como o Burundi, Lesoto e Moçambique, que ocupa a 27ª posição.
O relatório do Fórum Económico Mundial não apresenta uma análise à qualidade de vida das mulheres, mas aborda fatores como a participação na economia, o sucesso educacional, a saúde e o poder político. Em todos eles, bem como no indicador geral, Portugal melhora a sua posição no ranking face a 2013, mas nesse ano os países avaliados eram 136. O melhor lugar obtido pelo país neste relatório foi em 2010, quando, entre 134 países, Portugal ficou na 32ª posição.
Em termos de pontuação, o indicador saúde manteve-se inalterado do ano passado para este (0,972) e o indicador de sucesso educacional piorou ligeiramente (é de 0,993 este ano, face a 0,994 em 2013).
Se na educação e na saúde a igualdade entre homens e mulheres é já quase uma realidade, no que diz respeito à participação económica as diferenças entre ambos os géneros continuam a fazer-se sentir, sobretudo no que diz respeito aos salários.
Já quanto ao poder político, a desigualdade entre homens e mulheres portugueses continua a ser muito acentuada. Portugal obtém uma pontuação de 0,212, o que coloca o país em 44º lugar do ranking neste indicador. Face a 2013, isto representa uma melhoria tanto de posição na lista (46º lugar) como de pontuação (0,183), mas comparando com anos como 2010 (índice 0,233) e 2011 (0,228) houve um retrocesso.
Desigualdade só diminuiu 4% nos últimos oito anos
Os valores baixos obtidos no indicador de poder político são uma tendência mundial. Enquanto na saúde e na educação os valores de igualdade andam a rondar os 100% a nível global, no poder político esse valor é de apenas 21%. Ou seja, em cada dez lugares políticos, dois são ocupados por mulheres.
O ranking de 2014 é liderado por países do norte da Europa: Islândia, Finlândia, Noruega, Suécia e Dinamarca ocupam as cinco primeiras posições, seguidos pela Nicarágua (pontuação de 0,7894) e pelo Ruanda, que foi avaliado este ano pela primeira vez e conseguiu obter o sétimo lugar, com uma pontuação de 0,7854. No fundo da tabela estão países como o Iémen, o Paquistão, o Chade e a Síria.
O Fórum Económico Mundial estima que, ao atual ritmo de diminuição das desigualdades entre géneros, serão precisos 81 anos até que essas desigualdades desapareçam completamente e as mulheres consigam o mesmo nível de vida dos homens. Neste momento, a discrepância entre os géneros feminino e masculino é, em média, de 40%, o que representa uma diminuição de apenas quatro pontos percentuais face a 2006, ano em que o Fórum começou a publicar este relatório.
A nível europeu, a França conseguiu este ano entrar no top 20, ao alcançar a 16ª posição na lista (estava em 45º lugar em 2013), enquanto o Reino Unido, que estava em 18º lugar no ano passado, desceu para a 26ª posição. Na América Latina, o Brasil teve uma queda de nove lugares – desceu da 62ª para a 71ª posição -, enquanto o México desceu de 68º lugar para 80º. Ainda assim, nos primeiros 50 classificados há dez desta região do globo.