Caças F-16 da Força Aérea Portuguesa voltaram a intercetar esta sexta-feira mais dois aviões militares russos, que estariam a sobrevoar espaço aéreo internacional sob jurisdição portuguesa, avança a agência Lusa. Mas desta vez os aviões russos demoraram muito mais tempo a abandonar o espaço de responsabilidade nacional, o que levou a que a primeira parelha de F-16 tivesse de ser substituída por outros dois caças portugueses a meio da operação. Foram precisas mais de duas horas de acompanhamento até os bombardeiros russos abandonarem o espaço, apurou o Observador.
É a segunda vez na mesma semana que o episódio se repete. Na quarta-feira dois caças F-16 da Força Aérea portuguesa já tinham sido destacados da base aérea de Monte Real, em Leiria, para intercetar e escoltar duas aeronaves militares russos que estavam a sobrevoar espaço aéreo internacional sob jurisdição portuguesa sem responderem aos pedidos de contacto dos militares portugueses.
Desta vez os dois bombardeiros russos intercetados terão ido até à zona de Sagres, acrescenta o Diário de Notícias, portanto muito mais abaixo do local onde, da primeira vez, os russos inverteram a rota para norte. Na quarta-feira fizeram-no na zona de Peniche, e por isso a operação decorreu mais rapidamente. Esta sexta-feira os F-16 precisaram de mais de duas horas a acompanharem as aeronaves russas até saírem do espaço aéreo de domínio português, o que obrigou a destacar dois caças extra, para irem render os dois primeiros.
À semelhança do que aconteceu na quarta-feira, os aparelhos russos mantiveram-se a cerca de 100 milhas da costa portuguesa e voltaram a não responder aos pedidos de contacto dos militares portugueses, que estavam numa missão da NATO.
Mas o Governo reagiu muito mais rapidamente esta sexta-feira do que no episódio anterior, quando a notícia foi divulgada pela missão da NATO num momento em que o ministro da Defesa Nacional estava na Colômbia. Nessa altura foram precisas algumas horas até José Pedro Aguiar Branco estar pronto para prestar declarações sobre o caso. Acontece que desta vez foi o próprio ministério da Defesa que quis informar sobre o episódio, através da agência Lusa, e Aguiar Branco reagiu logo minutos depois, à chegada ao aeroporto da Portela. E foi perentório: a Força Aérea reagiu com “eficácia e prontidão”.
Em declarações à RTP, Aguiar Branco não quis confirmar pormenores deste segundo incidente com aeronaves russas, mas quis sublinhar que “o sistema funcionou” dentro dos requisitos da NATO. “A Força Aérea agiu com eficácia, serenidade e prontidão”, repetiu várias vezes.
Sobre o primeiro incidente, a embaixada russa em Portugal chegou a afirmar, na quinta-feira, que os aviões russos intercetados estavam a cumprir o Direito Internacional, realizando voos “em espaço aéreo sobre águas internacionais, não entrando de modo nenhum em espaços aéreos de outros Estados”, segundo um comunicado enviado à agência Lusa.
De acordo com o Estado-Maior General das Forças Armadas (EMGFA), nesse primeiro caso, foram “detetadas duas aeronaves não identificadas em espaço aéreo de responsabilidade portuguesa” e ” acionados os meios de alerta previstos neste tipo de situações no quadro da NATO, tendo dois caças F-16 portugueses identificado duas aeronaves militares russas, que encaminharam para fora do espaço aéreo de responsabilidade nacional”.