A UNITA, maior partido da oposição angolana, considerou esta quarta-feira que o Presidente da República, José Eduardo dos Santos, “decidiu sair sem sair” ao anunciar o nome de João Lourenço como candidato às eleições gerais deste ano. O secretário-geral da União Nacional para a Independência Total de Angola (UNITA), Franco Marcolino Nhany, falava em conferência de imprensa, em Luanda, para fazer uma análise do momento político atual de Angola.

“Sobre a pseudo-sucessão de José Eduardo dos Santos por João Lourenço, a nossa posição é clara: O senhor presidente do MPLA [Movimento Popular de Libertação de Angola, no poder] decidiu sair sem sair. Continua a dirigir o MPLA na sua lógica de que é o partido que inspira a ação do Governo”, referiu Franco Marcolino Nhany.

O secretário-geral da UNITA considerou igualmente que a figura de João Lourenço, vice-presidente do MPLA, “foi imposta” pelo seu líder. “O senhor presidente do MPLA continua a impor, a todo o custo, a sua vontade ao MPLA, mas quem executa a sua vontade passa a ser uma outra pessoa, que não foi eleita por sufrágio direto e secreto. Esta pessoa que foi imposta chama-se João Lourenço”, apontou o político da UNITA.

O presidente do MPLA e chefe de Estado angolano, José Eduardo dos Santos, anunciou no princípio deste mês que não será recandidato ao cargo nas eleições gerais deste ano, deixando assim o poder em Angola, ao fim de 38 anos. O nome de João Lourenço foi aprovado pelo Comité Central do Movimento Popular de Libertação de Angola (MPLA), que governa o país desde 1975, como cabeça de lista do partido histórico às próximas eleições gerais, e candidato a Presidente da República, e do ministro da Administração do Território, Bornito de Sousa, como número dois, concorrendo a vice-presidente.

De acordo com Franco Marcolino Nhany, “esta pseudo-sucessão” enquadra-se apenas na lista de candidatos a deputados do MPLA “e não na presidência do MPLA e muito menos na presidência da República, porque nas repúblicas não há sucessões, há eleições e as eleições em Angola serão em agosto de 2017”.

A Constituição angolana aprovada em 2010, prevê a realização de eleições gerais a cada cinco anos, elegendo 130 deputados pelo círculo nacional e mais cinco deputados pelos círculos eleitorais de cada uma das 18 província do país (total de 90). O cabeça-de-lista pelo círculo nacional do partido ou coligação de partidos mais votado é automaticamente eleito Presidente da República e chefe do Executivo, conforme define a Constituição, moldes em que já decorreram as eleições de 2012. A campanha eleitoral do MPLA para as próximas eleições previstas para agosto será inteiramente conduzida pelo vice-presidente do MPLA, atual ministro da Defesa de Angola, e candidato a Presidente da República, João Lourenço.

PUB • CONTINUE A LER A SEGUIR