O secretário de Estado da Cultura afirmou esta terça-feira, no Parlamento, que a situação na Fundação Ricardo do Espírito Santo Silva (FRESS) “é preocupante”, e está a tentar “encontrar caminhos” que salvaguardem o património e o funcionamento da instituição.

Jorge Barreto Xavier respondia a perguntas de deputados do PCP e do Bloco de Esquerda (BE) sobre a posição da tutela relativamente à situação da FRESS, que enfrenta dificuldades financeiras, depois do corte do apoio do seu principal mecenas, o antigo Banco Espírito Santo.

“É uma situação preocupante, na sequência do caso lamentável que todos conhecemos, e que pode ter um efeito muito negativo na instituição”, disse o secretário de Estado aos deputados.

O responsável pela tutela da cultura disse que está a comopanhar a situação em duas vertentes: na do património e no funcionamento.

“A Direção-Geral do Património Cultural está a conferir o património [da FRESS] para avaliar qual deve ser sujeito a classificação, e também está a ser estudado o funcionamento da entidade”, disse o governante.

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No final de setembro, o conselho de curadores da FRESS emitiu um comunicado anunciando que iria procurar medidas para garantir a sustentabilidade financeira da fundação, na sequência da crise que atingiu os mecenas principais, do Grupo Espírito Santo.

Na altura, um grupo de vinte ex-mestres e de outros, que estão ainda a trabalhar nas oficinas, divulgou um comunicado, pedindo a intervenção do Governo, da Câmara Municipal de Lisboa e de mecenas.

“Não queremos limitar-nos a compensar os erros feitos no passado. Estamos preocupados e a acompanhar, para tentar encontrar caminhos, mas não se pode pensar que o Estado resolve tudo”, comentou Barreto Xavier.

Ainda questionado pela deputada bloquista Catarina Martins sobre outro património, cujo futuro se desconhece devido à crise financeira, no Banco Espírito Santo e no Banco Privado Português (BPP), Barreto Xavier insistiu no acompanhamento das situações.

“Estamos atentos e a acompanhar a matéria, assim como as situações de risco”, disse o secretário de Estado, acrescentando que a SEC pediu uma lista das obras de arte na posse do BPP, instituição bancária fundada por João Rendeiro, em liquidação.

A FRESS foi criada pelo banqueiro e colecionador Ricardo Espírito Santo Silva (1900-1955), que doou o Palácio Azurara, em Lisboa, e parte da sua coleção privada ao Estado português, para criar um museu-escola que divulgasse as artes decorativas portuguesas e os ofícios relacionados.

Atualmente, a fundação detém o Museu de Artes Decorativas e mais 18 oficinas de artes e ofícios tradicionais portugueses que ensinam intervenção especializada no património, nas vertentes de conservação e restauro.

A FRESS tutela ainda duas escolas para ensino das Artes: a Escola Superior de Artes Decorativas (ESAD) e o Instituto de Artes e Ofícios (IAO).