“Aterrou”, bateram-se palmas e celebrou-se um feito histórico: pela primeira vez, um módulo espacial conseguira “aterrar” num cometa. Bravo, Philae, nome de batismo do aparelho, libertado pela sonda Rosetta, que na quarta-feira conseguiu chegar ao cometa 67P/Churyumov-Gerasimenko. Mas nem tudo correu bem: o Philae, ao que parece, está a ficar sem baterias. E a culpa é do local onde “aterrou”.

Ou melhor, da pouca luz solar que tem captado. Ao invés das seis ou sete horas de exposição estimadas inicialmente, o Philae só tem recebido cerca de hora e meia de luz por dia — algo insuficiente para carregar as baterias secundárias do aparelho, avançou o The Guardian. O módulo, recorde-se, partiu para esta missão com energia que duraria aproximadamente 60 horas.

O módulo produz energia a partir dos painéis solares com que está equipado. E, neste momento, o Philae encontra-se estacionado num local que recebe a sombra vinda de um monte, onde tem pouca, ou quase nenhuma, exposição à luz emitida pelo sol.

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Algo que, escreve a BBC, poderá causar alguns problemas. Primeiro, a ausência de luz solar não vai alimentar as baterias e, como tal, o Philae poderá não ter energia para operar os sistemas de comunicação com a Agência Espacial Europeia (ESA, na sigla inglesa). Na noite desta sexta-feira, aliás, será feita uma tentativa para comunicar com o módulo e receber imagens e dados recolhidos pelo aparelho.

De volta ao trabalho! Estou agora a perfurar a superfície do cometa. Darei atualizações assim que puder!

Segundo, sem energia, o módulo também não conseguirá perfurar o solo do cometa e extrair amostras da sua composição. E, por último, se não for capaz de carregar as baterias, o Philae poderá nem sequer ter energia suficiente para efetuar a viagem de volta à Terra — e as amostras nunca chegarão às mãos dos cientistas.

Neste momento, contudo, as operações para perfurar a superfície do cometa são arriscadas. Porquê? O Philae, aquando da “aterragem”, ficou assente de lado na superfície, e não conseguiu disparar os arpões que, em teoria, o manteriam ancorada ao terreno. E face à reduzida gravidade existente no cometa, a pressão exercida pelos trabalhos de perfuração poderá afastar o módulo e fazer com que este comece a orbitar o cometa.

Caso isto aconteça, o Philae poderá usar a energia que lhe resta para, de novo, tentar “aterrar” no cometa e escolher um local com maior exposição à luz solar. Mas, lá está, tudo dependerá da energia que ainda estiver armazenada nas baterias do aparelho.