A “barbie normal” promete revolucionar o mercado dos brinquedos. O motivo? Tem tudo o que uma boneca tradicional não tem: celulite, alguns quilos a mais, nenhuma maquilhagem e acessórios pouco habituais – autocolantes que simulam a acne, as estrias e os arranhões. O objetivo do seu criador, o designer gráfico Nickolay Lamm, é aproximar a imagem tradicional deste tipo de bonecas à realidade da mulher comum, como explicou ao The Washington Post.

A Lammily – o verdadeiro nome da boneca – nasceu da necessidade de desconstruir alguns estereótipos sobre o corpo ideal das mulheres que, ao serem impostos ao longo da formação da personalidade destas crianças, acabam por plantar no imaginário dos pré-adolescentes e dos adolescentes muitas inseguranças sobre o seu próprio corpo.

“Eu sinto que não só as crianças, mas nós mesmos enquanto adultos tentamos escapar da realidade através dos filmes, dos videojogos e estando permanentemente ao telefone. Eu queria mostrar que a vida é bela e que a realidade é tudo o que temos”, explicou o designer.

Nickolay Lamm espera que através da boneca consiga chegar até às crianças e transformar o modo como elas olham o mundo: “As jovens deveriam pensar mais sobre o que amam e no que fazem e não tanto sobre o seu aspeto. Assim, se tiverem uma boneca que se pareça com toda a gente, elas não se vão focar tanto na aparência”.

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Até ao momento a reação das crianças e dos pais está a ser “excelente”: os fundos recolhidos para criar a boneca ultrapassaram largamente as previsões de Lamm e da sua equipa – 500 mil dólares no total, quando se esperavam apenas 95 mil. Existem também 22 mil encomendas da boneca, o que demonstra o sucesso da Lammily. Mas como nestas questões quem ordena são mesmo as crianças, veja o que dizem os entrevistados especiais da segunda classe do colégio de St. Edmund.

“A barriga dela [da boneca comum] é tão, tão fina. Esta [a Lammily] tem um tamanho perfeito”, pode ouvir-se uma criança a dizer certa altura. A grande maioria das crianças chegou mesmo a identificar-se com a boneca, a comparar certas características físicas com as suas – o cabelo, por exemplo – e os elogios à beleza da Lammily foram frequentes.

Esta é a mensagem que Lamm, que enquanto adolescente foi ele próprio muito inseguro em relação à sua altura e ao seu físico, quer passar: “Penso muito sobre como os corpos das pessoas são tão diferentes, mas, no entanto, continuamos a usar uma medida standard para medir os nossos corpos” apesar de todas as diferenças existentes.

Para já, ainda não está previsto nenhum “Ken normal”, mas a Lamm não faltam ideias: o próximo plano poderá passar por criar uma versão masculina de Lammily, ligeiramente careca e com uma pequena, mas graciosa barriga. O objetivo é o mesmo: desmistificar a ideia de corpo ideal.