Dúvidas houvesse, Slow J foi o responsável por uma das maiores enchentes que se vai poder ver no Palco EDP, este ano. O novo álbum The Art of Slowing Down foi uma estalada que fez acordar muito boa gente para um dos nossos melhores, um tipo talentoso, simpático e simples que tem na voz e nas rimas as duas maiores virtudes. E na pose, que essa coisa de rapper a carregar correntes de ouro não é para ele, não precisa de subterfúgios para ter atitude.
João Batista Coelho (o nome verdadeiro do artista de Setúbal) começou slow com a cover de “Não Me Mintas” de Rui Veloso, seguiu para o super single “Arte” do novo álbum e depois para “Menina Estás À Janela” de Vitorino. A isto chama-se jogo de cintura, jeito para a brincadeira e inteligência. Porque Slow J é um homem desta nova geração que não só não renega o passado como aprende com ele e lhe presta homenagem — “Canal 115” de Valete, num espectro mais próximo, foi outro exemplo.
Ele é também um músico que se sabe rodear dos melhores. Com Slow J estiveram Fred Ferreira na bateria e Francis Dale na guitarra e teclado; e no final partilhou o palco com Gson & Papillon em “Pagar as Contas”, uma reprodução do que acontece no novo álbum.
Slow J motiva pela simplicidade e pela energia, não tem problemas em descer ao fosso para puxar pelo público, como se fosse preciso. A atitude aparece em cada ato e nas frases mais simples: “Se não sabem se isto é pop ou hip hop não faz mal, não se preocupem.” Ora essa Slow J, é na boa. Mas para a próxima arranja um palco maior e toca mais tempo, a malta agradece.