“Foi o maior erro cometido pelo Bloco nos últimos 15 anos”. Assim começou a curta mas entusiástica intervenção de Francisco Louçã na IX convenção do Bloco de Esquerda, referindo-se ao avanço da candidatura de Pedro Filipe Soares que deixou o Bloco num duelo inédito pela liderança. Os três fundadores do BE – Francisco Louçã, Fernando Rosas e Luís Fazenda – subiram ao palco para jogar os últimos cartuchos na tentativa de convencer os delegados a votar nas moções que apoiam. Louçã e Rosas de um lado, do lado da continuidade, e Fazenda do outro, do lado da Esquerda Alternativa desafiadora.

Os adjetivos que Francisco Louçã e Fernando Rosas tiraram da manga foram variados: “imaturidade”, “irresponsabilidade” e “imprudência”, mas o objetivo era o mesmo, mostrar aos delegados que amanhã vão escolher entre uma ala e outra que o desafio à liderança “conduziu a uma rutura sem princípios no Bloco”. Sendo os fundadores do partido, que se fundou precisamente pela articulação de correntes ideológicas diferentes, as intervenções de Louçã e Rosas parecem ser os últimos trunfos da atual coordenação para fazer ver que a “união” é melhor do que a “divisão”.

“Não houve nunca na história do BE erro maior nestes 15 anos do que a irresponsabilidade da divisão da direção”, afirmou Louçã.

“[A moção E] pretende regressar de forma suicida à divisão, ao sectarismo e à irrelevância no panorama politico”, disse Fernando Rosas.

Duas intervenções que suscitaram fortes aplausos entre os bloquistas próximos da direção, mas que mereceu resposta forte do terceiro fundador: Luís Fazenda, que é o principal promotor da candidatura contrária, a par de Filipe Soares. Dirigindo-se mesmo ao próprio Louçã, Fazenda alegou que a candidatura de uma moção independente da direção é um “direito democrático” e negou qualquer acusação de “sectarismo” ou “divisonismo”.

“Francisco, entrámos unidos e sairemos unidos desta convenção, mas seria simpático que os camaradas não usassem o espaço mediático para chamar os outros de divisionistas”, rematou Fazenda, numa intervenção que pôs metade da plateia bloquista a aplaudir de pé. E admitiu ainda que o Bloco tem pugnado pela unidade das direções, tendo o costume de chegar à convenção (que se realiza de dois em dois anos) unido em torno de uma moção maoritária, mas não “unido em torno de falsas unidades”. Como diz ser o cenário atual.

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