A lava que jorra ininterruptamente há 18 dias do vulcão na ilha cabo-verdiana do Fogo avançou “apenas 50 metros” nas últimas 24 horas, com baixa intensidade das erupções, afirmou à Lusa fonte governamental.
A informação foi avançada hoje à agência Lusa por Manuel Cabral, do Gabinete de Comunicação do Governo Cabo Verde, que, a partir de São Filipe, no Fogo, salientou que a crise eruptiva em Chã das Caldeiras mantém-se calma, embora continuem emissões significativas de gases e a visibilidade no planalto que serve de base aos vários cones vulcânicos seja “muito má” devido à “grande concentração” de cinzas.
Como consequência do abrandamento da atividade vulcânica, a lava, que há três dias consumiu as povoações de Portela e Bangaeira, em Chã das Caldeiras, avançou 50 metros, situando-se agora a cerca de 550 metros da segunda localidade, ocupando grande parte do vale contíguo e que conta com um ligeiro declive.
Por outro lado, acrescentou, o Serviço Nacional da Proteção Civil (SNPC), em colaboração com a Cruz Vermelha, encontra-se nas localidades de Cutelo Alto e Monte Barro a informar a população da real situação, bem como a explicar como proceder adequadamente no caso de haver necessidade de uma evacuação.
“A intervenção no terreno continuará até que a população dos povoados sob ameaça estiver devidamente informada”, indicou, indicando que as autoridades continuam a seguir de perto a evolução da situação, tendo em vista a tomada atempada de decisões.
Segundo Manuel Cabral, toda a área de Chã das Caldeiras continua interditada para garantir a segurança das pessoas, enquanto prossegue a implementação do plano de emergência caso a lava avance para outras localidades.
O plano prevê, em primeiro lugar, deixar preparadas as instalações para receber eventuais deslocados das localidades que podem ser afetadas, acrescentou, referindo-se à possibilidade de a lava atingir, já na descida da encosta, os povoados de Cutelo Alto e Fonsaco, com cerca de 2.300 habitantes.
As duas povoações situam-se na encosta norte/nordeste da ilha, próximo de Mosteiros, a segunda maior cidade do Fogo, e é nelas que se centra a maior preocupação das autoridades, uma vez que, “tendencialmente”, tudo aponta para que seja o rumo que a lava tomará, sem descartar, porém, outras localidades mais a leste.
Após passar Bangaeira, a lava formou uma “espécie de lago” no vale contíguo em direção ao casal, desabitado, de Fernão Gomes, a pouco mais de 3,5 quilómetros de Monte Velha.
É a partir de Monte Velha, localidade onde nasceu o ex-presidente cabo-verdiano Pedro Pires, que a inclinação do terreno se acentua, pois começa a descida desde os quase 2.000 metros de altitude para o nível do mar, o que permitirá um eventual avanço rápido da lava, caso a torrente se intensifique.
Até agora, o Governo cabo-verdiano reinstalou 850 dos 1.500 desalojados de Portela e Bangaeira nos três centros de acolhimento entretanto criados. Os restantes estão em casa de familiares ou de amigos
Até agora, e apesar da vasta destruição causada pela lava, vinda da 27.ª erupção vulcânica de que há registo na ilha do Fogo, a primeira foi assinala em 1500, não há vítimas.