Novo dia de decisões para a Grécia. Os deputados helénicos votam esta segunda-feira no Parlamento para a eleição de um novo presidente que substitua Karolos Papoulias, atual Chefe de Estado — um escrutínio que já por duas ocasiões não obteve o número de votos necessários para eleger um novo nome. A última tentativa fora a 23 de dezembro, quando apenas 168 dos 300 deputados do hemiciclo grego votaram a favor do candidato presidencial proposta pelo primeiro-ministro Antonis Samaras. E caso o entrave se mantenha no sufrágio desta segunda-feira, o líder socialista poderá ter de convocar eleições antecipadas.
E fazer com que o Syriza, partido de esquerda, declaradamente anti-austeridade e anti-troika, possa vencer as legislativas. Os resultados de uma sondagem realizada pelo Alco Institute, revelados no sábado e citados pelo diário Kathimerini, mostraram que o Syriza, liderado por Alexis Tsipras, reunia 28,3% das intenções de voto, mais 3.3 pontos percentuais face ao segundo partido, a Nova Democracia.
Greece faces crucial presidential vote that could trigger election http://t.co/TtYYt0jcSd
— Kathimerini English Edition (@ekathimerini) December 29, 2014
Na última terça-feira, refira-se, os deputados voltaram a não conseguir eleger o chefe de Estado, num escrutínio seguido com particular atenção na sede da União Europeia (UE) em Bruxelas e nas principais capitais europeias. No caso de dissolução do hemiciclo, o primeiro-ministro deverá agendar eleições legislativas antecipadas para uma data entre 25 de janeiro ou 1 de fevereiro.
Se o desenlace se confirmar e, depois, caso o Syriza seja o partido mais votado nas legislativas, é incerto como prosseguiria a relação entre o governo grego e os credores da dívida do país. “Poderíamos entrar num processo que conduzirá a um ponto sem retorno”, defendeu George Pagoulatos, professor na Universidade de Economia de Atenas, quando sublinhou ao Washington Post que “não existe vontade entre o povo grego e até no Syriza para que [o país] abandone o euro”. O antigo conselheiro de Estado, porém, augurou que, caso “se façam de difíceis”, a “especulação sobre uma [eventual] saída grega será reavivada”.
O falhanço nas duas anteriores tentativas
No total, apenas 168 dos 300 deputados votaram a 23 de dezembro por Stavros Dimas, o ex-comissário europeu proposto por Samaras, que o governo de coligação entre a direita (Nova Democracia) e o Partido Socialista Pan-Helénico (PASOK) apresentou como candidato ao posto honorífico de chefe de Estado.
Na primeira volta em 17 de dezembro, apenas 160 dos 300 deputados votaram no candidato, também longe da maioria de 200 votos exigida nas duas primeiras consultas. Na terceira volta desta segunda-feira serão suficientes 180 votos, que também não estão assegurados. Cálculos da imprensa helénica referiam que Samaras só terá conseguido convencer 175 deputados.
Entre a primeira e a segunda votação, numa tentativa para convencer deputados independentes, não inscritos, ou os dez representantes do pequeno partido de esquerda ‘Dimar’, Samaras propôs-se antecipar para o final de 2015 as legislativas, agendadas para junho de 2016, e disse estar disposto a “alargar” a composição do governo.
Na terça-feira, o seu candidato garantiu mais oito votos, mas a tarefa de Samaras parece quase impossível. Após o voto, o primeiro-ministro exortou os deputados a “evitarem a aventura” e “terem em consideração os sofrimentos dos gregos” no decurso da crise e o “interesse da pátria”.
No entanto, e para além da contínua oposição do Syriza e de poucas deserções, a generalidade dos deputados dos pequenos partidos afirma pretender manter o sentido de voto. O Syriza, que venceu as eleições europeias de maio, opõe-se às políticas de austeridade impostas pela troika de credores internacionais (UE, Banco Central Europeu e FMI) ao país desde finais de 2010, e que implicou um resgate financeiro de 240 mil milhões de euros.