Livros de ficção

A Quetzal agendou para fevereiro o lançamento dos romances A Imortal da Graça, de Filipe Homem Fonseca, e Estocolmo, de Sérgio Godinho, e de uma antologia de poesia de João Luís Barreto Guimarães, O Tempo Avança por Sílabas, que pretende assinalar 30 anos de vida literária. Os dois grandes destaques da editora para este mês serão, no entanto, um volume de inéditos e textos esquecidos do filósofo português Agostinho da Silva (com organização de Helena Briosa e Mota) e a muito aguardada coletânea de contos e pequenas narrativas da escritora, filósofa e ativista norte-americana Susan Sontag, publicada em inglês no verão de 2018.

Intitulado Histórias, o conjunto de contos de Sontag mostra o outro lado de uma autora que ficou conhecida sobretudo como uma “ensaísta brilhante, analítica, sem medo de ser sincera”. “Ao longo da sua vida, ela também escreveu pequenas histórias: ficções que batalham com essas ideias e preocupações que ela não podia abordar em ensaios. Estas pequenas histórias são alegorias, parábolas, esboços autobiográficos, que captam um fragmento autêntico da vida, dramatizando os lamentos e medos privados de Sontag”, descreveu a editora Penguin, que as editou em inglês.

A Tinta-da-China vai publicar uma edição aumentada de A Musa Irregular, de Fernando Assis Pacheco. A Antígona vai lançar O Tacão de Ferro, de Jack London, livro esgotado há várias décadas em Portugal e que surge agora com uma nova tradução e prefácio de Howard Zin (o posfácio é de Leon Trotsky). Uma das principais distopias do século XX, O Tacão de Ferro viria a influenciar o famoso 1984, de George Orwell. “É, em suma, a história da ascensão ao poder de uma ditadura oligárquica e fascista — o Tacão de Ferro — nos EUA, que subjugará a nação”, resumiu a editora.

A edição aumentada de A Musa Irregular vai sair pela Tinta-da-China. Faz parte da coleção de poesia coordenada por Pedro Mexia

Pela Relógio d’Água vai sair O Doente Inglês, de Michael Ondaatje. Vencedor do Man Booker Prize em 1992, o romance passado durante a Segunda Guerra Mundial foi escolhido, no ano passado, como o melhor premiado dos 50 anos do galardão de literatura de língua em inglesa. A editora vai ainda editar, em fevereiro, Tess dos D’Urbervilles, um dos principais romances de Thomas Hardy, e a coletânea de contos Todos Nós Temos Medo do Vermelho, Amarelo e Azul, de Alexandre Andrade.

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A Dom Quixote vai publicar o romance vencedor do Prémio Leya 2018, Torto Arado, do brasileiro Itamar Vieira Junior. Descrito como uma obra polifónica, bela e comovente pela editora, Torto Arado conta a história de Bibiana e Belonísia, filhas de trabalhadores de uma fazenda no sertão da Bahia, “descendentes de escravos para quem a abolição nunca passou de uma data marcada no calendário”. Pela Dom Quixote vai ainda sair O Café de Lenine, de Nuno Júdice, Homens de Pó, de António Tavares, A Capital, de Robert Menasse, Uma Questão de Conveniência, de Sayaka Murata, e ainda A Cor do Hibisco, “uma obra sobre liberdade, amor e ódio” que marcou a estreia literária de Chimamanda Ngozi.

O segundo volume de Sangue e Fogo, a história dos reis Targaryen contada pelo autor de A Guerra dos Tronos, George R.R. Martin, chega também neste mês de fevereiro. A primeira parte foi publicada em novembro do ano passado pela Saído de Emergência. Pela mesma editora vai sair também o livro de banda-desenhada Monstress — Refúgio, de Marjorie Liu e Sana Takeda. A Minotauro vai editar Rosa Branca, Floresta Negra, de Eoin Dempsey.

A segunda parte da história dos reis Targaryen chega agora em fevereiro. A edição, da Saída de Emergência, volta a ter ilustrações de Doug Wheatley

Pela Elsinore vai sair A Dor, de Zeruya Shalev, um “romance atual, traduzido do hebraico, de uma das mais destacadas autoras da literatura contemporânea”, e A Noiva do Tradutor, um livro de João Reis, agora reeditado. A Cavalo de Ferro vai publicar Pequenas Cadeiras Vermelhas, de Edna O’Brien, e a Topseller VOX, de Christina Dalcher. Já a Ficção Curta Completa, de Herman Melville, e Recordações Fantásticas e Três Histórias Bizarras, de Maurice Sandoz (com ilustrações originais de Salvador Dali) vão ser lançados pela E-Primatur.

A Alfaguara vai editar Em Tudo Havia Beleza, de Manuel Vilas, considerado o melhor livro em Espanha por vários jornais espanhóis. Pela Companhia de Letras vai sair a reedição de Materna Doçura, de Possidónio Cachapa, e pela Porto Editora Já Ninguém Chora por Mim, de Sergio Ramírez, vencedor do Prémio Cervantes em 2018, e Santa Bathika, a história romanceada da primeira santa africana contada por Véronique Olmi, finalista do Goncourt e do Femina em França.

Instruções para Atravessar o Deserto, de Juan Vicente Piqueras, vai sair também em fevereiro mas pela Assírio & Alvim, que guardou também para este mês a publicação de Se me Empurrares Eu Vou, de Maria Quintans. A Sextante vai lançar o marco da ficção científica A Guerra dos Mundos, de H.G. Wells, e a “Coleção Miniatura” da Livros do Brasil vai ganhar um novo título — Orlando, de Virginia Woolf.

Livros de não-ficção

A Relógio d’Água vai publicar o quarto volume da História da Sexualidade, de Michel Foucault, e Novas Rotas de Seda, a continuação de As Rotas de Seda onde o autor, o investigador de História Gobal da Universidade de Oxford Peter Frankopan, aprofundou algumas questões decisivas para a economia, política e estratégia. Pela mesma editora vai ainda sair O Abismo de Fogo: A Destruição de Lisboa, a principal obra sobre o Terramoto de 1755 escrita pelo historiador norte-americano Mark Molesky.

A Antígona vai lançar As Bênçãos da Civilização, de Mark Twain. Pela Elsinore vai sair A Sexta Extinção, de Elizabeth Kolbert, vencedora do prémio Pulitzer em 2015 com este mesmo livro, que propõe um conceito de “História da Extinção para explicar o presente e evitar o futuro”. A Editorial Caminho vai reeditar Os Negros em Portugal, de José Ramos Tinhorão, e as Edições 70 vão publicar O cinema ao vivo e as suas técnicas, de Francis Ford Coppola, O que é o conhecimento, de Tommaso Piazza e Discurso sobre as ciências e as artes, de Jean-Jacques Rousseau.

Uma das grandes apostas da Tinta-da-China para o primeiro semestre de 2019 é a edição fac-similada da Persona, a mítica revista do Centro de Estudos Pessoanos do Porto, que já não existe. Pioneira na divulgação dos estudos sobre a obra de Fernando Pessoa, a Persona existiu entre 1977 e 1985, publicando quase 900 páginas de artigos assinados por autores como Eugénio de Andrade, Eduardo Lourenço, Vasco Graça Moura ou Jorge de Sena, agora recuperados pela editora. Além dos 12 números da revista, que se tornou na grande referência dos Estudos Pessoanos durante a sua época dourada, esta edição especial, feita em parceria com a Casa Fernando Pessoa, inclui um caderno original com textos de Arnaldo Saraiva, fundador do Centro, e Jerónimo Pizarro.

A biografia escrita pelo investigador Hubert D. Jennings foi a primeira em língua inglesa. Depois de várias décadas “na gaveta”, é agora editada em Portugal

Também pela mesma editora, chegará às livrarias Fernando Pessoa, the Poet with Many Faces: a biography and anthology, a primeira biografia em inglês de Fernando Pessoa escrita na década de 1970 por Hubert D. Jennings e publicada apenas recentemente. Depois de publicado nos Estados Unidos da América, o livro chega agora a Portugal numa edição de Carlos Pittela. O ensaio As Índias Espirituais — Fernando Pessoa e o orientalismo português, de Duarte Drumond Braga, também vai sair no segundo mês do ano, mais ou menos na mesma altura que Filhos da Terra: Identidades mestiças nos confins da expansão portuguesa, de António Manuel Hespanha, ambos com chancela da Tinta-da-China.

A Temas e Debates vai publicar Uma Furtiva Lágrima, um livro de memórias de Nélida Piñon, Para Que Serve a Filosofia?, de Mary Midgley, e Factfulness, de Hans Rosling, que “explica as dez razões pelas quais estamos enganados acerca do mundo — e porque é que o mundo está melhor do que pensamos”, resumiu a editora. Pela Presença vai sair Deixem-me Voar. A Coragem de um Pai e a Luta Pela Igualdade, a história de Ziauddin Yousafzai, pai de Malala, contada pelo próprio, e A História da Origem. A Grande História de Tudo. Do Big Bang ao Futuro da Humanidade, uma “viagem pelos 13.800 milhões de anos da nossa História” do historiador David Christian.

A Gradiva vai publicar O Genocídio Ocultado, de Tidiane N’Diaye. Pela Desassossego, a chancela de não-ficção da Saída de Emergência, vai sair Porque Dormimos?, de Matthew Walker, especialista em estudos do sono, e Pais Apressados, Filhos Stressados, de Mário Cordeiro. A Casa das Letras vai editar Anuário da Cerveja Artesanal, de Domingos Quaresma, Os rapazes na gruta: nas profundezas da impossível missão de resgate na Tailândia, de Matt Gutman, e Os Falcões do Biafra, um livro de Fernando Cavaleiro Ângelo sobre como “Salazar apoiou secretamente os independentistas do Biafra na sangrenta Guerra Civil da Nigéria”, referiu a editora.

A Oficina do Livro vai editar uma biografia de José Eduardo de Sanches Osório, “o oficial católico e monárquico que aderiu ao Movimento dos Capitães desde muito cedo e que esteve no posto de comando do golpe militar do 25 de Abril”. Sanches Osório, Memórias da Revolução é da autoria de Maria João da Câmara. A Orfeu Negro vai lançar Confissões de Um Travesti, de autor anónimo e ilustradas por João Maio Pinto. O volume faz parte da “Coleção Casimiro”, de “livros ilustrados para gente grande e extravagante”.

A Livros do Brasil tem vindo a reeditar a obra de Ryszard Kapuścińsk em Portugal. O Imperador é o mais recente volume

Mário Augusto vai assinalar 30 anos de entrevistas com as estrelas de Hollywood com a publicação de Janela Indiscreta — O Que Dizem as Estrelas, pela Bertrand. O programa com o mesmo nome foi reconhecido em 2018 pela Sociedade Portuguesa de Autores como o melhor programa de entretenimento cultural da televisão portuguesa. O livro vai sair no dia 15 de fevereiro.

No mesmo mês, também pela Bertrand, vai sair Miguelistas e Liberais, de Ron B. Thomson. “Um retrato profundo e raro sobre um dos tumultuosos episódios da história lusa: a Guerra Civil, também conhecida por Guerra dos Dois Irmãos, travada entre absolutistas e liberais”, que colocou “de um lado D. Miguel e de outro D. Pedro, respetivamente”, referiu a editora. A Porto Editora vai editar Marcelo — Presidente todos os dias, de Felisbela Lopes e Leonete Botelho, e a Livros do Brasil O Imperador, de Ryszard Kapuścińsk.

Livros infanto-juvenis

Em fevereiro, a Bertrand vai estrear uma nova coleção, a “Heróis Aselhas”, de Stella Tarakson. Segundo a editora, esta “acompanha as aventuras de Tim, um improvável e corajoso protagonista que se junta a vários deuses e semideuses do Olimpo” para descobrir “que, afinal, eles não são tão valentes e astutos” quanto diziam. Os primeiros dois volumes chamam-se Aí Vem o Hércules e A Armadilha de Hera.

A Fábula vai publicar O André Semeão NÃO Tem Um Cavalo, de Marcy Campbell e Corinna Luyken, e Robot em Fuga, de Peter Brown. A Presença vai editar Uma Planície de Sombra, o quarto e último volume da série fantástica de Philip Reeve, e Orfeu Negro Mini os livros Regresso a Casa, de Akiko Miyakoshi, e Um Inverno Perfeito, de Cristina Sitja Rubio.