Pedro Santana Lopes diz que, com o seu prefácio, Cavaco Silva queria excluir da corrida à presidência alguns candidatos como Marcelo Rebelo de Sousa e Rui Rio, e privilegiar outros como Durão Barroso. Para o provedor da Santa Casa da Misericórdia e ex-primeiro-ministro, Cavaco considera que o seu sucessor deve ser Barroso “e o resto é conversa”. Já António Vitorino disse ter ficado curioso por saber o que aconteceria caso o Presidente tivesse dito que a próxima pessoa na corrida a Belém devia ser loiro e de olhos azuis.
“Quem ia a correr pintar o cabelo?”, questionou o socialista no espaço de comentário semanal que artilha com Santana Lopes na SIC Notícias. Com os dois políticos como putativos candidatos a Belém, o tema do perfil traçado por Cavaco Silva na segunda-feira foi alvo de vários reparos. Santana Lopes disse que “estes prefácios são muito violentos” e que a sua apreciação é que o texto que introduz o roteiro do Presidente era “para excluir alguém ou para incluir alguém”.
Dentro, na sua opinião está Durão Barroso e até Guterres ou Vitorino – porque Cavaco terá “simpatia” – e de fora estão Marcelo e Rui Rio. Algo, que segundo Santana, não caiu bem ao professor. “Marcelo assumiu a candidatura definitivamente”, admitiu o antigo primeiro-ministro falando depois sobre a exposição mediática do professor, alegando que ele “aparece em todo o lado” e que a sua campanha de 1989 à Câmara de Lisboa – quando mergulhou no Tejo e foi taxista por um dia – “é antecipação da próxima campanha”. Sobre Durão, Santana diz que é o candidato do “sistema que Cavaco Silva representa” numa altura em que “há uma organização do sistema que está a cair”.
Sobre a sua própria candidatura, o social-democrata preferiu não elaborar, dizendo que falava na qualidade de ex-pré candidato. Já António Vitorino, outro presidenciável, disse que “o próximo presidente tem de ter visão aberta ao mundo” e que o critério apontado por Cavaco Silva – capacidades na política externa – vá ser essencial nas urnas. “Não creio que seja o critério determinante com que os portugueses vão escolher o próximo Presidente”, afirmou o antigo comissário europeu.