Medina Carreira, ex-ministro das Finanças e fiscalista, é a “primeira figura de destaque” a mostrar apoio à candidatura do empresário socialista Henrique Neto, nas próximas eleições presidenciais, que foi recebida com indiferença pelo PS, afirma esta terça-feira o jornal i.

“Apoio-o e fiquei muito satisfeito com a decisão”, afirma o ex-ministro quando questionado pelo i acerca da possibilidade de apoiar Henrique Neto na corrida às presidenciais de 2016. “É um homem que viveu a política com intensidade desde jovem, tem uma larga experiência profissional, conhece o mundo. Tem uma grande visão e capacidade de análise da situação atual do país”, afirma o fiscalista sobre o colega da SEDES, uma das mais antigas associações cívicas de Portugal.

O empresário e ex-deputado do PS Henrique Neto vai apresentar quarta-feira a sua candidatura às eleições presidenciais de janeiro de 2016, no Padrão dos Descobrimentos em Lisboa. “É verdade, confirmo”, afirmou Henrique Neto esta terça-feira à agência Lusa.

Sobre a recusa do secretário-geral do PS, António Costa, em comentar a sua candidatura à Presidência da República, Henrique Neto afirmou também não ter comentários a fazer. “Nem sobre isso, nem sobre outras coisas, porque ainda não fiz a apresentação”, explicou à Lusa, remetendo para quarta-feira resposta a todas as questões dos jornalistas.

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A candidatura está a ser preparada desde o ano passado e acelerou em janeiro deste ano. Sempre no máximo secretismo. Já existe programa, site, sede e até lema – “Por Uma Nova República” –, mas o alerta de que algo podia estar a acontecer nos bastidores socialistas só chegou com um envio muito restrito de um email a convocar para a apresentação do candidato.

Medina Carreira considera que “dificilmente aparecerá outra candidatura com estas qualidades” e que Neto “é um homem seríssimo, franco e leal. É um homem a sério como os que aprecio na política”. A sua candidatura “vai trazer uma outra vivacidade, realismo e outra seriedade à campanha eleitoral que normalmente é um momento para dizer coisa nenhuma. Ele vai promover um debate sério”.

Apesar de não estar presente esta quarta-feira na apresentação oficial da candidatura de Henrique Neto às presidenciais de 2016, que terá lugar no Padrão dos Descobrimentos em Lisboa, o ex-ministro falou com o candidato esta segunda-feira no sentido de manifestar o seu apoio, diz o i. 

Medina Carreira deixa o desafio aos restantes proto-candidatos: “Agora vão ter de pensar duas vezes antes de avançarem”.

“É um excelente candidato e seria um excelente presidente da republica, diz Marinho Pinto ao Diário de Notícias. “Embora não tenha a retórica da falsidade de algumas pessoas para serem escolhidas como candidatas, é um homem que se destaca pelas suas qualidades humanas, politicas e empresariais”, acrescenta.

Fontes próximas de Henrique Neto afirmam tratar-se de uma candidatura completamente independente, que não vai pedir apoios partidários, e que irá até ao fim. Ou seja, leia-se, não desistirá a meio, nem caso António Guterres (claramente a mais unânime figura do PS para o cargo) decida acabar por avançar.

Esta é uma candidatura completamente à margem do PS. António Costa não foi informado e afirma que “soube pela rádio”, rematando que “lhe é indiferente” e isentou-se de mais comentários. Neto, recorde-se, foi um dos críticos mais frontais do consulado de José Sócrates e tem apresentado moções controversas em todos os congressos do PS.

João Soares aplaude

João Soares disse na segunda-feira à noite que a candidatura de Henrique Neto pode ser um “contributo para desempoeirar isto”, apesar de ainda esperar “que apareça António Guterres”.

O socialista Augusto Santos Silva, que foi ministro de Sócrates e o defendeu até ao fim, comparou Henrique Neto e Joana Amaral Dias na sua página da rede social Facebook, afirmando que “é isto que sucede quando as pessoas capazes se fecham em copas e os eleitores dão sinais de imoderação: surgem logo todos quantos aproveitam qualquer oportunidade para quinze minutinhos de fama.” Acrescenta que ainda não tem um candidato presidencial e que lamenta correr “o risco de brindar a direita com uma enorme dispersão de votos à esquerda e que, sempre que os responsáveis se resguardam, os bobos ocupam a cena”, como cita esta terça-feira o jornal i.