A reunião dos ministros das Finanças da zona euro em Riga, no próximo dia 24 de abril, não deverá resultar em qualquer aprovação de ajuda financeira adicional para a Grécia. Será, diz Valdis Dombrovskis, vice-presidente da Comissão Europeia, um encontro para “fazer um ponto de situação sobre os progressos” obtidos até agora. A declaração vai ao encontro das notícias desta manhã de que também o FMI achava pouco provável que houvesse um acordo dentro do prazo de seis dias úteis (até segunda-feira) dado pelo Eurogrupo para um acordo sobre as reformas que a Grécia terá de fazer.
Em entrevista ao jornal alemão Handelsblatt, Valdis Dombrovskis explica que o prazo não será cumprido devido à falta de disponibilidade das autoridades gregas para avançar com reformas do sistema de pensões e do mercado de trabalho. Sem traçar um novo prazo, Dombrovskis diz que “temos a expectativa, em relação à Grécia, de que o governo apresente um compromisso credível“.
O que acontece se, como prevê Dombrovskis, não houver um acordo dentro do prazo estabelecido e a tempo da reunião do Eurogrupo? Esta foi a pergunta feita a outra figura destacada de Bruxelas, Pierre Moscovici, o Comissário Europeu para os Assuntos Económicos e Monetários. A resposta do francês: “Continuamos…”
“O nosso desejo é ter até dia 21 de abril a lista de reformas, uma lista de reformas precisas“, afirmou Pierre Moscovici esta terça-feira, citado pela Bloomberg. E o que será necessário para satisfazer os ministros das Finanças da zona euro? “Se for suficiente, será suficiente”, atirou o francês.
Já esta manhã, saíram notícias na imprensa grega que apontavam para o desespero de Poul Thomsen, diretor europeu do FMI, que terá dito à Comissão Executiva do FMI que não esperava que o acordo fosse atingido dentro do prazo estabelecido. Os credores deram na última quinta-feira seis dias úteis à Grécia para que esta apresente um conjunto detalhado e credível de reformas, um prazo que terminará no final desta semana mas que poderá, na realidade, avançar para o início da próxima semana devido ao feriado da Páscoa (ortodoxa) da última segunda-feira. Moscovici esclareceu, assim, que o prazo é até dia 21 de abril.
Poul Thomsen terá dito à Comissão Executiva do FMI que o processo negocial com Atenas “não está a funcionar”, mostrando que “não vê como será possível concluir” a avaliação que está pendente e cujo desembolso financeiro a Grécia necessita urgentemente, como o próprio governo grego reconhece. Poul Thomsen continua a criticar os representantes gregos de não facultarem todas as informações financeiras que o FMI, a Comissão Europeia e o BCE pedem. Informações que serviriam para avaliar o estado exato não só da execução orçamental recente mas, também, do estado da tesouraria pública, que há várias semanas está a recorrer a operações de curto prazo a partir dos excedentes de hospitais, universidades e fundos de pensões para cobrir as despesas do Estado.
A Grécia tem de reembolsar o FMI em 203 milhões de euros no dia 1 de maio e mais 770 milhões a dia 12 de maio. Em junho chega outro pagamento, também ao FMI, de 1,6 mil milhões. Ao mesmo tempo, o Estado está a ter de renovar os vencimentos de dívida de curto prazo que tem sido emitida no mercado, junto de entidades públicas e bancos nacionais, e financiar as despesas correntes. A situação de tesouraria é muito grave, como reconhecem os responsáveis gregos.