O Fundo Monetário Internacional (FMI) não está satisfeito com a evolução das negociações com Atenas e, segundo a imprensa grega, Poul Thomsen, diretor europeu da organização, não acredita que será possível chegar a um acordo nos próximos dias, pelo que o prazo dado pelos credores não será cumprido. Thomsen critica, também, que as autoridades gregas continuam a não facultar ao FMI todos os dados pedidos pelos credores, para que estes possam avaliar o fosso atual que existe nas contas públicas gregas.
Os credores deram na última quinta-feira seis dias úteis à Grécia para que esta apresente um conjunto detalhado e credível de reformas, um prazo que terminará no final desta semana mas que poderá, na realidade, avançar para a próxima segunda-feira devido ao feriado da Páscoa (ortodoxa) da última segunda-feira. Termine o prazo esta sexta-feira ou segunda-feira, não existe muita confiança do lado do FMI de que estas negociações cheguem a bom porto.
Segundo a imprensa grega, o diretor europeu do FMI, Poul Thomsen, disse ao conselho executivo do FMI que o processo negocial com Atenas “não está a funcionar”, mostrando que “não vê como será possível concluir” a avaliação que está pendente e cujo desembolso financeiro a Grécia necessita urgentemente, como o próprio governo grego reconhece. O prazo de seis dias foi dado para que os trabalhos sejam finalizados antes da reunião do Eurogrupo de dia 24 de abril, em Riga.
Poul Thomsen continua a criticar os representantes gregos de não facultarem todas as informações financeiras que o FMI, a Comissão Europeia e o BCE pedem. Informações que serviriam para avaliar o estado exato não só da execução orçamental recente mas, também, do estado da tesouraria pública, que há várias semanas está a recorrer a operações de curto prazo a partir dos excedentes de hospitais, universidades e fundos de pensões para cobrir as despesas do Estado. Thomsen não deixou, contudo, segundo as notícias, de mostrar um grande pessimismo sobre o estado atual da economia grega.
Bruxelas vê “espírito positivo” em ambos os lados
O Comissário Europeu Pierre Moscovici, que tem a pasta dos Assuntos Económicos e Monetários, já veio, esta terça-feira, mostrar otimismo de que as negociações vão acelerar nos próximos dias. Moscivici diz, citado pela Bloomberg, que “há um espírito positivo em ambos os lados” nesta negociação.
A Grécia tem de reembolsar o FMI em 203 milhões de euros no dia 1 de maio e mais 770 milhões a dia 12 de maio. Em junho chega outro pagamento, também ao FMI, de 1,6 mil milhões. Ao mesmo tempo, o Estado está a ter de renovar os vencimentos de dívida de curto prazo que tem sido emitida no mercado, junto de entidades públicas e bancos nacionais, e financiar as despesas correntes. A situação de tesouraria é muito grave, como reconhecem os responsáveis gregos.
O governo desmentiu na noite de segunda-feira a notícia do Financial Times de que a Grécia estaria a preparar-se para declarar bancarrota, ou seja, incumprir com o pagamento de dívida pública, caso não cheguem a bom porto as negociações que terminam no final desta semana. “Chegámos ao fim da linha“, tinha dito uma fonte do governo grego ao Financial Times. “Se os europeus não desbloquearem dinheiro do resgate, não haverá alternativa” a uma falha de pagamentos”, afirmou a fonte.
O receio de que a Grécia não conseguirá fazer estes pagamentos está a fazer os juros da dívida negociada em mercado dispararem, de novo, para perto dos níveis mais elevados desde 2012. A taxa a 10 anos está a aproximar-se, novamente, dos 12%, mostrando que o mercado está barrado para a Grécia.