O gramado está bom. Pelo menos assim pareceu. A reação e o bate-papo entre brasileiros terão sido estes quando, na tarde quarta-feira, experimentaram pela primeira vez o relvado do Itaquerão. Ou do Arena Corinthians. Ou simplesmente do Estádio de Itaquera. Em que nome ficamos? É como preferir. Aos olhos da FIFA, o recinto que hoje acolhe a cerimónia de abertura e o encontro inaugural do Mundial 2014 – a partir das 19h15 – tem três nomes oficiais, que variam em São Paulo consoante as indicações de trânsito ou placas no metrô. À brasileira, também. Se tiver dúvidas no palavreado, vire já aqui e siga em frente.
Neymar, David Luiz e Scolari (e não esquecer Flávio Murtosa, o adjunto que também tem bigode) ficaram ontem a conhecer a relva que, esta noite, vão partilhar com a Croácia de Luka Modric, Mario Mandzukic e Ivan Rakitic (o do beijo a Daniel Carriço). Enquanto o faziam, pelas bancadas andavam dezenas de trabalhadores. Ainda a trabalharem, embalados pelo ruído de serras e soldaduras.
Palavra do Estadão. O jornal sediado em São Paulo vasculhou o recinto e viu que, ao final do dia de ontem, havia restavam coisas por acabar. E se tudo o que está à vista do comum espetador parecia estar a postos para o Mundial – o relvado, as placas publicitárias, as bandeiras, as bancadas e as instalações para as câmaras de televisão -, existiam pontos do estádio que, a horas da cerimónia de abertura, não estavam em condições.
Sobretudo nas áreas VIP. O Estadão teve acesso a vários camarotes onde “as televisões que foram instaladas não podiam funcionar por falta de energia”, incluindo a sala destinada a Geraldo Alckim, governador do estado de São Paulo. Até a tribuna de honra que receberá Joseph Blatter, presidente da FIFA, tinha as paredes com tinta na por secar, revelou o diário.
A construção do Estádio de Itaquera, com capacidade para 65.807 espetatores, terá custado mais de 330 milhões de euros. É recinto é um dos três (além dos estádios de Curitiba e Porto Alegre) que não recorreu a dinheiros públicos para financiar a seu projeto, embora tenha contraído empréstimos em bancos estatais. Após o Mundial, o recinto de São Paulo será utilizado pelo Corinthians.
E mesmo estando prontas, as bancadas ainda precisaram de alguma atenção. Na quarta-feira, enquanto a seleção brasileira treinava no relvado, dezenas de funcionários limpavam o “lixo e entulho que havia por recolher”, revelou a revista Veja. De resto, no exterior, em redor do recinto, faltava terminar a montagem de algumas condutas de escoamento de água.
A 27 novembro de 2013, recorde-se, a queda de uma grua utilizada nas obras do estádio causou a morte a dois operários. O recinto, localizado cerca de 20 quilómetros a leste do centro de São Paulo, está integrado numa zona da cidade onde residem perto de 205 mil pessoas. A Globo, citando o governo da maior metrópole do continente sul-americano, revelou que perto de 250 mil estrangeiros e um milhão de turistas brasileiros deverão passar por São Paulo, durante o Mundial.
As contas serão feitas no fim. Para já, apenas se espera que 22 homens comecem aos pontapés à bola no tal gramado do Itaquerão. É a partir das 21h.