Dois dos candidatos à privatização da TAP, David Neeleman e Germán Efromovich, propõem investir entre 300 a 350 milhões de euros na capitalização da empresa, via aumento de capital. Este valor por si só não chega para retirar o grupo TAP da situação de falência técnica devido a capitais próprios negativos superiores a 500 milhões de euros.

Segundo o jornal Expresso, que avança os números este sábado, os reforços de capital propostos não correspondem na totalidade à entrada de dinheiro fresco, pelo menos no caso do dono da Avianca onde a proposta de injeção de dinheiro fresco se fica pelos 150 a 180 milhões de euros num total de 250 milhões de euros. Efromovich oferece em contrapartida o equivalente ao valor remanescente em 12 novos aviões Airbus, já disponíveis na companhia colombiana para voar, informação que também é avançada pelo Diário de Notícias.

Na proposta do dono da transportadora brasileira Azul, David Neeleman, o investimento é todo em dinheiro, mas o objetivo também é reforçar a frota da TAP, prevendo a utilização do capital para comprar cerca de 50 aeronaves, a maioria de longo curso. Este será aliás um dos principais trunfos dos candidatos, já que a idade e a limitação de número de aviões é um dos grandes problemas da companhia portuguesa, tendo estado na origem dos problemas operacionais do verão passado.

Já o encaixe proposto ao Estado, e que corresponde ao preço oferecido pelas ações da TAP e pela opção de compra dos 34% que ficarão em mãos públicas, variará entre os 20 a 35 milhões de euros, ainda segundo o Expresso. A oferta de Efromovich feita em 2012 previa um encaixe de 20 milhões de euros para o Estado.

PUB • CONTINUE A LER A SEGUIR

Não há ainda informação sobre a oferta de Miguel Pais do Amaral, cuja proposta foi a última das três entregues esta sexta-feira na Parpública.

O investimento proposto para a TAP por dois concorrentes, que será o critério mais relevante na avaliação da proposta financeira, estará assim em linha com o valor mínimo de referência apontado no caderno de encargos e que era de 300 milhões de euros. No entanto, a confirmarem-se os números agora divulgados, o aumento de capital proposto não é suficiente para cobrir os capitais próprios negativos consolidados da TAP que no final de 2014 ascendiam a 512 milhões de euros.

Este “buraco”, que corresponde à situação líquida negativa, e que mostra o valor contabilístico da empresa, coloca o grupo TAP (que inclui todas as operações) em situação de falência técnica, o que aliás acontece há vários anos, refletindo os prejuízos acumulados. Este saldo acumulado negativo poderá contudo ser ultrapassado com uma operação de redução de capital para cobertura de prejuízos e subsequente aumento de capital, de forma a repor uma situação líquida positiva.

Outra preocupação dos interessados passa pela renegociação da dívida à banca que ultrapassa os mil milhões de euros, no sentido de prolongar a maturidade, que atualmente é sobretudo de curto prazo.

Para além de novos aviões, estes dois concorrentes à compra da TAP acenam também com a promessa de distribuição de 10% a 20% dos resultados pelos trabalhadores, conforme nota o jornal Público, numa estratégia que procurará acalmar os ânimos laborais na transportadora.