António Costa já é candidato às eleições primárias do PS para escolher o candidato do partido a primeiro-ministro. Mas quer mais. Quer a liderança do partido e por isso não desiste hoje de forçar a realização de um congresso extraordinário precedido de eleições diretas para a liderança. E à chegada para a reunião da comissão nacional, que vai discutir o assunto, apelou a Seguro para “desbloquear” o debate e dar a voz aos militantes socialistas e deixou um segundo pedido: “Apelo ao secretário-geral que esteja à altura do debate democrático que o partido exige”. Na resposta, António José Seguro disse: “Espero que acabem as manobras estatutárias”.

Os dois vão ter hoje uma nova batalha na comissão nacional que está a decorrer em Ermesinde, onde a proposta de António Costa para a realização do congresso extraordinário precedido de eleições diretas irá ser debatida, mas poderá não chegar a ser votada. Depende da decisão da presidente do partido, Maria de Belém. Isto porque a comissão de jurisdição do partido deu um parecer negativo, dizendo que os estatutos não permitem que o líder do partido seja eleito num congresso extraordinário, uma vez que Seguro não se demitiu do cargo.

E tendo em conta as dificuldades estatutárias,  Costa apelou a que a comissão nacional “permita desbloquear o que está bloqueado”. À chegada a Ermesinde, Costa referiu-se ao parecer e disse que este “tem o entendimento que os estatutos estão bloqueados, blindados” e deixou a sua esperança:

“Não será por razões estatutárias que não será devolvida a voz ao PS”, disse.

E foi aí que apelou a Seguro para que “esteja à altura do debate democrático que o partido exige”.

Seguro chegou minutos depois e insistiu na ideia de que as eleições primárias estão marcadas (para dia 28 de setembro) e que está disponível para o debate. E respondeu a Costa:

“Espero que acabem com as manobras estatutárias”.

O líder do PS insistiu que “houve um conjunto de militantes que pediram o debate” e que por isso não percebe “porque António Costa recusa esse debate”. O secretário-geral do partido referia-se ao facto de Costa ter dito que era “prematuro” a realização de debates televisivos agora com Seguro.

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Em causa está o facto de os dois – Seguro e Costa – se terem embrenhado numa guerra estatutária para fazer passar a sua vontade. Seguro trocou as eleições diretas pedidas por Costa por eleições primárias (aprovadas há quinze dias em comissão política por maioria, incluindo o próprio António Costa) e Costa não desiste de juntar às primárias, a eleição também do partido. Depois disto, a presidente do partido, Maria de Belém, pediu um parecer ao conselho de jurisdição para analisar a proposta de Costa e este foi negativo.

Antes de Costa, já Carlos César, apoiante do autarca, tinha chegado e tinha apelado a que a direção do partido aceitasse o congresso extraordinário: “A sua legitimidade [da direção] não pode ser mantida escondendo-se atrás de um biombo”.

“O PS não pode viver o apodrecimento da credibilidade da sua liderança”, rematou.

Do lado de Seguro, foi Alberto Martins quem falou aos jornalistas esperando que a comissão nacional se faça num clima de debate democrático.