Apesar das mais recentes polémicas a envolverem os cartazes eleitorais do PS, os socialistas já têm um novo outdoor pronto para ir para a rua. E já este sábado. A novidade foi dada por Ascenso Simões, diretor de campanha de António Costa e cabeça de lista do PS por Vila Real, na sua conta do Twitter. A imagem do secretário-geral socialista acompanhado pelo slogan “É Tempo de Confiança” é a nova aposta do partido.
No texto que acompanha a divulgação do novo outdoor socialista, Ascenso Simões faz questão de sublinhar que o cartaz “vai ser fixado amanhã [hoje, sábado] e domingo em todo o país”. E acrescenta: “Assim estava previsto e é assim que vai acontecer”.
https://twitter.com/AscensoSimoes/status/629782800716177408
O novo cartaz surge na sequência de outras imagens que criaram controvérsia. Uma polémica que, no caso dos primeiros cartazes, começou nas redes sociais e logo se estendeu para as primeiras páginas dos jornais. O primeiro outdoor foi criticado por ter um grafismo muito New Age e daí até surgiram novas versões satíricas da imagem foi um passo: desde António Costa na pele de pregador, até às “aparições” de José Sócrates e de António José Seguro, as redes sociais encheram-se de paródias ao cartaz socialista.
Na altura, o Diário de Notícias chegou a avançar que o PS estaria a ponderar demitir Edson Athayde, responsável pelo outdoor, e acrescentava ainda que António Costa, já depois de aprovar os cartazes, terá percebido, quando os viu afixados, que eram de “eficácia duvidosa”. A demissão de Edson Athayde acabou por não acontecer.
Na mesma semana, chegaram os segundos cartazes, com eles a guerra dos números do desemprego e os cartazes transformados em arma de arremesso de político. A segunda série dos cartazes do PS trazia imagens com vários rostos anónimos, com o intuito de pedir “respeito” perante as pessoas que têm vivido tempos difíceis. Numa delas, no entanto, surgia uma desempregada que diz ter perdido o emprego há cinco anos, precisamente na altura em que era o PS de José Sócrates quem estava no Governo.
Num primeiro momento, contactado pelo Observador, Ascenso Simões preferiu não comentar o caso, mas, depois, em declarações ao jornal Público, explicou que a mensagem do cartaz não se referia à governação de José Sócrates, mas sim aos últimos quatro anos de Governo PSD/CDS.
“Sabemos que sempre houve desemprego, fosse com o primeiro-ministro António Guterres, fosse com Durão Barroso, Santana Lopes ou José Sócrates, o problema é que esta senhora desde 2010 está desempregada e, desde então, perdeu todos os subsídios, está há quatro anos a perder subsídio. Esta é uma realidade de dezenas de milhares de pessoas que não podem ser eliminadas do desemprego em Portugal”, sublinhou Ascenso Simões.
O diretor de campanha não evitou comentar as críticas que os cartazes do PS geraram, garantindo que as via “com naturalidade”. “As pessoas são livres, umas de apoiar outras de criticar. Isso não é relevante. O que é relevante é que segunda-feira prossegue a campanha com um novo cartaz”. Cartaz, esse, que divulgou nas redes sociais esta sexta-feira à noite.
Ainda antes da mais recente polémica estalar, a que o Observador contou em primeira mão, já o PS tinha agendado um encontro com a comunicação social para explicar alguns detalhes da estratégia de campanha da máquina socialista.
Só que alguns dos rostos anónimos que os socialistas usaram nos últimos outdoors não o eram tanto assim. Uma das jovens que surge nos cartazes entretanto divulgados não teria dado autorização para que a sua cara aparecesse nos cartazes, nem tão pouco estaria desempregada ou teria dito aquilo que está no outdoor. Mais: como Maria João Pinto explicou ao Observador, ainda prestava serviços à Junta de Freguesia de Arroios (socialista) quando a fotografia foi a tirada. Além da jovem, há mais dois casos de pessoas na mesma junta que agora aparecem nos cartazes do PS.
Maria João Pinto não terá dado autorização para aparecer nos cartazes do PS
Num primeiro momento, o PS explicou que se tratavam de “representações” e que, “apesar de não faltarem exemplos de tantos e tantos casos semelhantes aos denunciados no cartaz”, não poderia “expor assim as próprias pessoas e o seu sofrimento. Portanto, embora os cartazes sejam todos relativos a casos reais, as pessoas são figurantes escolhidos e que aceitaram figurar nos cartazes”.
Depois, numa nota oficial emitida em resposta ao Observador, os socialistas apresentaram formalmente um pedido “de desculpas públicas, em especial às pessoas implicadas” e garantiram que iam procurar os “esclarecimentos pormenorizados aos fornecedores e prestadores de serviços, bem como todas as informações necessárias a que se possa avaliar o procedimento seguido”.