No Japão, chegar aos 100 anos de idade significava receber um cheque no valor de  8,000 yen (cerca de 58 euros). Contudo, o aumento da esperança média de vida no país significa que a tradição secular chega ao fim. Em 2015, o governo japonês vai deixar de oferecer um prémio monetário aos seus cidadãos centenários, alegando que o número de pessoas a completar um século começa a ser um fardo na economia do país.

Desde 1950 que o Japão é conhecido pela longevidade da sua população e lidera nos rankings de maior esperança de vida no mundo. Em 2014, o país gastou cerca de 18 mil euros nas comemorações do Dia do Respeito ao Idoso, o feriado nacional que celebra a população sénior. Além do imenso valor que os japoneses dão à sua população idosa, os habitantes também adoram oferecer presentes. O hábito está profundamente enraizado na cultura, sendo visto como um dever social. Por este motivo, o governo assegura que a recente decisão não significa que os centenários passem a ser ignorados . A tradição de presentear os idosos irá manter-se, mas segundo o The Japan Times o governo vai arranjar um presente simbólico para substituir o valor monetário.

Esperança Média de Vida à Nascença – Anos (Relatório de 2014 da OMS)
Sexo Masculino Sexo Feminino
1 Islândia 81 1 Japão 87
2 Suíça 80 2 Espanha 85
3 Austrália 80 3 Suíça 85
4 Israel 80 4 Singapura 85
5 Singapura 80 5 Itália 85
6 Nova Zelândia 80 6 França 84
7 Itália 80 7 Austrália 84
8 Japão 80 8 República da Coreia 84
9 Suécia 80 9 Luxemburgo 84
10 Luxemburgo 79 10 Portugal 84

Um problema maior 

O fim da tradição de dar prendas não é o único problema da longevidade japonesa. O envelhecimento da população e a diminuição da taxa de natalidade, levam os muitos cidadãos em idade de reforma a terem de ser suportados por uma população ativa cada vez mais pequena.

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Para o Japão, encorajar a imigração não é solução. Com apenas 2% de estrangeiros, o país continua sem querer abrir as suas portas para resolver o problema da baixa percentagem de população ativa. O primeiro ministro japonês, Shinzo Abe, acredita que encorajar mais mulheres a juntar-se ao mercado de trabalho é a melhor hipótese. Isto pode ser positivo para a nação que tem uma das maiores taxas de desigualdade de género no mundo, com muitas mulheres a deixarem os seus empregos para casar ou começar uma família.

Até 2018, estima-se que cerca de 38 mil japoneses completem um século de idade. A cerimónia anual dos seniores japoneses terá lugar a 15 de setembro.

Texto editado por Rita Ferreira