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Refugiados a limpar florestas? Costa acredita que seria uma "grande oportunidade"

Este artigo tem mais de 5 anos

António Costa acredita que o país deve acolher mais refugiados e sugeriu que essas pessoas ajudem na limpeza das florestas e no combate à desertificação. "Ideia genial", ironizam os críticos.

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FRANCOIS GUILLOT/AFP/Getty Images

FRANCOIS GUILLOT/AFP/Getty Images

Numa altura em que os diferentes líderes europeus discutem entre si que caminho seguir para travar a crise humanitária que atravessa a Síria e o Iraque, António Costa acredita que Portugal deveria assumir uma posição mais “proativa” e acolher mais refugiados, integrando-os, por exemplo, no setor agrícola e nas zonas mais desertificadas do país. As palavras de Costa já merecerem críticas da esquerda à direita do espetro político português.

O líder socialista falava em Alverca num debate do PS sobre políticas sociais, que teve como moderadora a dirigente do PS e ex-presidente da Câmara de Vila Franca de Xira, Maria da Luz Rosinha. Pronunciando-se sobre a situação dos refugiados que todos os dias tentam chegar à Europa para escapar aos conflitos que assolam a Síria e o Iraque, António Costa defendeu que o país tem aqui “uma grande oportunidade de recuperar património abandonado, de criar uma nova oportunidade de vida para estas pessoas e uma melhor forma de desenvolver o nosso território” integrando os refugiados nas zonas mais desertificadas.

“Quando eu vejo o estado em que está a nossa floresta, quando vejo os autarcas da zona do pinhal, do interior, a queixarem-se da falta de mão de obra para fazer a manutenção do pinhal, [eu pergunto-me]: ‘mas está aqui tanta população que está habituada a trabalho agrícola, que tem capacidade de trabalhar nesta floresta,” por que razão não são integradas em “aldeias que estão construídas, onde as habitações existem, onde os equipamentos existem e estão a ser abandonadas pela desertificação”, disse o socialista.

Ora, no Facebook, Luis Leiria, bloquista e jornalista do Esquerda.net – publicação oficial do Bloco -, foi dos primeiros a reagir e usou o Facebook para perguntar: “[De onde] tirou o secretário-geral do PS esta genial ideia?”.

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A ideia que António Costa tem de bom acolhimento e de integração dos refugiados em Portugal é pô-los a limpar as florestas. Segundo o candidato a primeiro-ministro do PS, os refugiados estão ‘habituados a trabalho agrícola’ e têm ‘capacidade de trabalhar na floresta’; portanto ‘temos aqui uma grande oportunidade’.

Além disso, continuou o bloquista, “a Síria tem 56% da sua população em áreas urbanas” e “a área florestal da Síria é de 1% a 2,4%“. Daí a “pergunta óbvia: ‘de onde, senão de um estereótipo, tirou o secretário-geral do PS esta genial ideia de que isto é gente habituada ao trabalho agrícola e ainda por cima com experiência em florestas? Em que boas práticas do Alto Comissariado para os Refugiados se baseou para achar “que é uma oportunidade” acolher os refugiados e espalhá-los pelas florestas?”.

A ideia que António Costa tem de bom acolhimento e de integração dos refugiados em Portugal é pô-los a limpar as...

Posted by Luis Leiria on Quinta-feira, 3 de Setembro de 2015

Luis Vales, deputado do PSD, não ficou atrás e, também no Facebook, lançou duras críticas ao líder socialista. “António Costa quer colocar os refugiados a tratar das matas e da floresta. Diz que estão habituados… É revoltante esta afirmação. Os refugiados, vítimas de conflitos na sua terra, também são seres humanos e devem ter as mesmas oportunidades e direitos. Não têm vontade própria? Capacidade para trabalhar noutras áreas? Uma vergonha para Portugal, o líder no maior partido da oposição fazer esta afirmação. Uma Vergonha!”.

Antonio Costa quer colocar os refugiados a tratar das matas e da floresta. Diz que estão habituados... É revoltante esta...

Posted by Luis Vales on Quinta-feira, 3 de Setembro de 2015

Também João Annes, social-democrata e conselheiro do secretário de Estado da Defesa, não poupou António Costa que, acusou, “não tem a mínima noção das convenções internacionais que Portugal subscreve”.

“Por aqui a novidade voluntarista de um candidato a primeiro ministro sobre este assunto é oferecer aos refugiados trabalho a limpar matas, a mesma solução que foi oferecida aos reclusos portugueses em 2010, por um Governo do seu partido. Como é que alguém que foi Ministro da Justiça e da Administração Interna não tem a mínima noção das convenções internacionais que Portugal subscreve, como a Convenção das Nações Unidas sobre os direitos dos refugiados, ou a Convenção de Genebra?”, escreveu João Annes no Facebook.

No mesmo debate, António Costa voltou a defender que é preciso combater a ideia de que é construindo muros que se resolve um problema que é muito maior do que uma simples vaga de migração. “É preciso perceber que a vontade de muitos destes refugiados é uma vontade imparável. Essa ideia de que vamos conseguir travar os refugiados, construindo muros, é errada e mais é uma ideia indigna da Europa”, afirmou o secretário-geral do PS, citado pela Agência Lusa. O líder socialista lembrou, a título de exemplo, a experiência dos portugueses que, na década de 60, atravessaram “a salto” os Pirinéus e que se instalaram em condições miseráveis na periferia de Paris.

Em agosto, através do Twitter, António Costa já se tinha pronunciado sobre a crise de refugiados, defendendo que era tempo de a Europa estar “à altura de si própria”. “Perante o que se passa, a Europa só pode responder – em primeira linha – com solidariedade e humanidade. O contrário intolerável“, insistiu o socialista.

Inicialmente, Portugal mostrou-se disponível para acolher 1.500 refugiados, mas o número poderá ser superior. Para já, como explicou o Observador, ainda não há plano de ação por parte do Governo, mas as instituições de solidariedade social estão a contar cabeças dentro das suas organizações para ver de que meios dispõem e preparam-se para apresentar uma Plataforma de Apoio aos Refugiados. Também as autarquias, através da Associação Nacional de Municípios Portugueses, estão prestes a tomar uma posição oficial para fazer face a esta “crise civilizacional e humanitária”.

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