O Banco de Portugal explicou nesta sexta-feira que as outras três auditorias forenses em curso, além da que incide sobre o Banco Espírito Santo (BES), são “de carácter muito pontual”, garantindo que “não têm o grau de materialidade que justificou” a investigação àquele banco. O governador do Banco de Portugal afirmou na quinta-feira no parlamento que a auditoria forense feita ao BES é a quarta em curso, revelando que há mais três auditorias forenses em desenvolvimento.
“Relativamente à auditoria forense, gostava de dizer que não é a primeira que fazemos, é a quarta. Esta ganhou mais publicidade por força das circunstâncias, mas estão três auditorias forenses já em desenvolvimento noutras circunstâncias, noutras instituições”, disse Carlos Costa. Questionada hoje pela Lusa, fonte oficial do regulador e supervisor bancário disse que, “tendo em conta o dever de segredo, não é possível divulgar o nome das instituições a elas sujeitas”, referindo apenas que se trata de três instituições supervisionadas pelo Banco de Portugal.
A mesma fonte explicou que “as situações analisadas e em análise são de carácter muito pontual e não têm o grau de materialidade que justificou a auditoria forense ao BES”. As auditorias forenses são “um instrumento complementar de supervisão” cujo objetivo é “confirmar o cumprimento rigoroso das matérias que se inscrevam nas competências do Banco de Portugal”, disse ainda esta fonte.
A 30 de julho, o Banco de Portugal considerou que os factos entretanto descobertos “indiciam a prática de atos de gestão gravemente prejudiciais para os interesses do BES”.
A 30 de julho, o BES anunciou prejuízos semestrais de quase 3,6 mil milhões de euros e ficou ainda a saber-se que o banco apresentou um rácio de capital de 5% no final do primeiro semestre, abaixo do mínimo exigido pelo Banco de Portugal. Logo nesse dia, o Banco de Portugal considerou que os factos entretanto descobertos “indiciam a prática de atos de gestão gravemente prejudiciais para os interesses do BES” e que já estava em curso uma auditoria forense no banco para permitir “avaliar responsabilidades individuais”, inclusive as de Ricardo Salgado, líder histórico da instituição.
Esta investigação está a ser feita por uma equipa tripartida composta por especialistas do Banco de Portugal, da Comissão do Mercado de Valores Mobiliários (CMVM) e da Deloitte, segundo informações transmitidas à Lusa por uma fonte ligada ao processo que pediu para não ser identificada.
Na noite de domingo, o Banco de Portugal tomou controlo do BES e anunciou a separação da instituição num “banco mau” (bad bank), que concentra os ativos e passivos tóxicos, e num “banco bom”, o chamado Novo Banco, que reúne os ativos e passivos não problemáticos, como será o caso dos depósitos, e que receberá uma capitalização de 4,9 mil milhões de euros do Fundo de Resolução bancário.