Anda um vírus à solta nas campanhas eleitorais das eleições europeias. O da crítica e contra-crítica, num tom elevado. A fonte da epidemia começou nas palavras de Paulo Rangel que acusou os socialistas de serem “um vírus“. Ora, no lado da campanha de Francisco Assis, a resposta mais dura surgiu de um convidado especial: Manuel Alegre. O histórico socialista acusou o cabeça-de-lista da coligação de “não ter memória histórica” e lançou a comparação polémica associando Rangel ao partido nazi:
“Há umas dezenas de anos houve um partido na Europa que disse que os judeus eram um vírus que era preciso exterminar”.
Alegre até ironizou com “a voz esganiçada” de Paulo Rangel, que “quanto mais magro, mais agressivo[fica]” e acusou-o de violar “todas as regras de convivência democrática” ao revelar “um espírito intolerante”. Alegre foi dar a mão a Assis que, não tem dúvida, vai ganhar as eleições, mas antes disso, enganou-se: “Eu acredito que nós vamos vencer as eleições legislativas… europeias e, falando numa linguagem futebolística, vamos dar-lhes uma abada nas legislativas”.
Assis falou depois de Alegre para uma sala cheia no Pavilhão Centro Portugal. Não foi tão longe nas classificações, mas exigiu “explicações” a Paulo Rangel: “Quem nos acusa de ser um vírus está a diminuir-se a si próprio. Paulo Rangel deve a partir de hoje uma explicação ao PS”. O candidato socialista lembrou o debate de domingo no Observador, onde se disse um homem que gostava da palavra para dizer que “a alternativa à palavra é a violência” e que ao comparar os socialistas a um vírus “isso revela um estado de espírito em que se encontra esta direita, que é a direita mais extremista que alguma vez apareceu no pós-25 de Abril”. O crispar entre as duas campanha vai aliás contra aquilo que foi pedido pelo Presidente da República, que pediu contenção nos discursos.